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Thiago Gonçalves

REPORTAGEM

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Medir velocidade de expansão do Universo é desafio, mas nova pesquisa anima

Ilustração mostrando a expansão e evolução do universo desde o Big Bang - ESO/M. Kornmesser
Ilustração mostrando a expansão e evolução do universo desde o Big Bang Imagem: ESO/M. Kornmesser

Thiago Signorini Gonçalves

01/07/2021 04h00

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Qual é a velocidade de expansão do universo? Na verdade, não sabemos. Temos uma boa ideia, mas não conseguimos chegar a um resultado definitivo. Felizmente, cientistas estão trabalhando duro para resolver o problema, e o trabalho liderado pela doutora Wendy Freedman, da Universidade de Chicago, pode nos ajudar a entender o que está acontecendo.

Atualmente temos algumas formas diferentes de medir a velocidade de expansão do universo, que basicamente podem ser divididas em dois grandes grupos.

O primeiro usa o brilho de estrelas próximas, ou então de supernovas, para calcular a distância até a sua galáxia hospedeira. Essa distância é então comparada à velocidade com que a galáxia se afasta. Foi isso que Edwin Hubble fez pela primeira vez há quase 100 anos, e assim descobrimos que o universo estava expandindo.

Mais recentemente, passamos também a medir a expansão do universo observando a radiação cósmica de fundo, que serve como eco do Big Bang. Essa medida nos permite inferir como a estrutura do universo se alterou ao longo dos últimos 14 bilhões de anos.

Até há pouco tempo, não havia muitos problemas, mas as medidas foram cada vez melhores, mais precisas. E as diferenças de resultados entre os dois métodos foram se tornando mais evidentes.

Hoje, encontramos um valor de aproximadamente 73 km/s/Mpc observando as estrelas variáveis (o que significa que para cada 3 milhões de anos-luz de distância, aproximadamente, uma galáxia se afasta de nós a cerca de 73 km/s).

Por outro lado, a radiação cósmica de fundo nos diz que a velocidade é de 67 km/s/Mpc. A diferença pode parecer pequena, mas as medidas são tão precisas que são efetivamente distintas, levando-se em conta a margem de erro.

Wendy Freedman então buscou uma terceira via para resolver o problema. Ela usou as estrelas gigantes vermelhas de galáxias próximas, o que nos permite medir distâncias de forma semelhante às cefeidas. O resultado? 69,8 km/s/Mpc, um valor muito mais próximo daquele encontrado para a radiação cósmica.

Mas por que haveria uma diferença apenas agora?

Segundo Freedman, as medidas de cefeidas são mais incertas. "As medidas são ruidosas e mais complicadas de interpretar. A poeira ou contaminação por outras estrelas próximas podem alterar as medições", afirma.

O resultado ainda é o primeiro a divergir de outros semelhantes, mas pode abrir o caminho para que possamos resolver o impasse no futuro. Uma importante esperança é o telescópio espacial James Webb, a ser lançado no final do ano. "O Webb nos dará maior sensibilidade e resolução, e os dados serão melhores muito em breve", diz Freedman.