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Thiago Gonçalves

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Funcionando há mais de 30 anos no espaço, Hubble dá lição de tecnologia

As primeiras imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble após seu retorno mostram galáxias próximas à Via Láctea - Nasa/ ESA/ STScI/ Julianne Dalcanton (UW)/ Alyssa Pagan (STScI)
As primeiras imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble após seu retorno mostram galáxias próximas à Via Láctea Imagem: Nasa/ ESA/ STScI/ Julianne Dalcanton (UW)/ Alyssa Pagan (STScI)

22/07/2021 04h00

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O Hubble voltou, gente! Depois de muitos testes e diagnósticos, a equipe que administra o telescópio espacial conseguiu fazê-lo funcionar novamente, e o observatório já conseguiu novas imagens.

Felizmente, o Hubble tem peças sobressalentes a bordo. Os cientistas conseguiram programar o telescópio para usar essas peças, incluindo a fonte de energia e a unidade de formatação de dados. Dessa forma, conseguiram reiniciar o sistema e agora tudo parece estar funcionando bem.

Foram algumas semanas de incerteza para os astrônomos. O problema foi identificado no dia 13 de junho, com o computador central. As tentativas de reativação usando o computador reserva não funcionaram, o que indicava que o problema seria mais complicado.

Por outro lado, vale frisar que o Hubble já superou as suas expectativas iniciais, com folga. Quando lançado, o telescópio deveria durar entre 10 e 15 anos, mas já são mais de 31 anos oferecendo novos olhos para o universo.

Uma das vantagens do Hubble é a sua proximidade. Voando a apenas 540 quilômetros acima da superfície terrestre, podemos enviar missões espaciais para fazer reparos e substituições. Foram cinco viagens ao todo, incluindo a primeira missão que instalou "óculos" para consertar a miopia inicial do telescópio.

Com tanto tempo de operação, os cientistas já conhecem muito bem o funcionamento dos instrumentos a bordo do Hubble. Nzinga Tull, gerente de sistemas da Nasa, resume a situação: "um dos benefícios de um programa que funciona há mais de 30 anos é a incrível quantidade de experiência e expertise adquiridas".

Resta saber se teremos a mesma sorte com o telescópio espacial James Webb, a ser lançado em outubro. Com uma área coletora quase 7 vezes maior que o Hubble, o James Webb já atrasou vários anos e chega ao valor de US$ 10 bilhões. Astrônomos e políticos esperam ver o retorno desse investimento, claro.

Uma das grandes diferenças é que o James Webb estará muito mais distante, a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Ou seja, é impossível considerar missões para manutenção.

No final, devemos contar um pouco com a sorte. O telescópio tem uma estimativa inicial de duração que varia entre 5 e 10 anos. Isso depende sobretudo do combustível para garantir que o satélite consiga manter sua órbita estável, mas também do funcionamento apropriado dos componentes, sobretudo as partes móveis que são mais suscetíveis a problemas.

Vamos torcer juntos para que o James Webb siga o exemplo do seu irmão mais velho e nos traga muitos e muitos anos de descobertas!