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Como sabemos que uma estrela "canibal" semelhante ao Sol devorou planetas?
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Já imaginou como seria se a Terra caísse no Sol? Parece um destino terrível, não? Pois é exatamente isso que uma equipe de astrônomos que conta com a participação de Jorge Meléndez, da Universidade de São Paulo, descobriu recentemente: pelo menos um quarto das estrelas semelhantes ao Sol devoram planetas que a orbitam.
Atualmente, sabemos que sistemas planetários ao redor de estrelas como o Sol são muito comuns. No entanto, ainda é um desafio entender em detalhes como esses sistemas se formaram.
Algo que já havíamos descoberto, por exemplo, é a preponderância de "jupíteres quentes", ou seja, planetas do tamanho de Júpiter orbitando a estrela muito de perto, a uma fração da distância de Mercúrio ao Sol. Sabemos que não há como um planeta tão grande ter se formado ali. Então a pergunta é como ele foi parar lá.
Uma das principais hipóteses é que isso aconteça através de interações gravitacionais com outros corpos no sistema planetário.
Ora, se algo assim pode acontecer com um corpo celeste do tamanho de Júpiter, imaginem só como um planeta como a Terra, com um milésimo da massa de seu irmão maior, pode ser jogado de um lado para o outro.
Ele pode ser ejetado do sistema ou então pode ser lançado diretamente para a estrela. E foi justamente pensando nesse cenário que a equipe elaborou um experimento muito criativo: será que podemos observar esse efeito em sistemas binários?
Sistemas binários são formados por duas estrelas que se orbitam mutuamente, e que foram criadas juntas. Assim, devem ter uma composição química que reflete a nuvem de gás da qual se originaram. É um pouco como estrelas gêmeas: seu DNA é idêntico, e qualquer diferença entre elas é resultado de sua evolução depois do nascimento.
Nesse caso, a hipótese é que uma delas tenha engolido um planeta. Os elementos desse planeta canibalizado estariam presentes na atmosfera da estrela, como as migalhas ao redor da boca que sobraram após essa refeição cósmica.
Se as composições químicas do par de estrelas forem diferentes, isso significa que uma delas deve ter devorado um ou outro planeta ao longo da sua vida.
Com efeito, os astrônomos notaram que pelo menos 25% dos pares mostram essa diferença, demonstrando a frequência com que esse processo acontece. Não há mais dúvidas: muitas estrelas têm o hábito de consumir planetas.
Segundo Lorenzo Spina, astrônomo que liderou a pesquisa, o resultado abre novas portas para a descoberta de sistemas planetários semelhantes ao nosso.
A estratégia seria buscar por estrelas sem excesso destes elementos: estes seriam os ambientes onde a estrela não canibalizou os seus planetas.
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