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Thiago Gonçalves

REPORTAGEM

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O que tem no telescópio James Webb que cria tanta expectativa na ciência?

Imagem de 2017 de montagem do telescópio James Webb - Desiree Stover/Nasa
Imagem de 2017 de montagem do telescópio James Webb Imagem: Desiree Stover/Nasa

23/12/2021 04h00

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Vai haver emoção até o último minuto, aparentemente. O telescópio espacial James Webb teve seu lançamento adiado por mais um dia, e no momento da redação deste texto, está planejado para ser levado ao espaço no dia 25 de dezembro pela manhã. Um grande presente de Natal aos astrônomos e ao mundo.

A expectativa é enorme. Com um custo estimado em US$ 10 bilhões, o James Webb será um dos observatórios mais avançados do mundo, e promete revolucionar nosso entendimento sobre o universo.

Essa revolução acontece em parte porque o telescópio tem um espelho de 6,5 metros de diâmetro, muito maior que os 2,5 metros do Hubble.

Para acomodar o gigante no foguete, ele deve ser composto por vários segmentos individuais e dobrado. O desdobramento será feito no espaço, e esse é um dos momentos que geram mais ansiedade nos cientistas e engenheiros, dadas as múltiplas possibilidades de falha mecânica.

Dessa forma, vale lembrar que ainda devemos esperar vários meses para receber qualquer imagem astronômica após o lançamento. O telescópio leva várias semanas para atingir sua órbita, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, e mais um bom tempo depois disso para realizar todos os testes necessários antes de começar a produzir resultados científicos.

Também devido à distância, os riscos são maiores. Ao contrário do Hubble, a meros 500 quilômetros de altitude, se algo acontecer com o James Webb podemos dar adeus ao telescópio. Não há como enviar missões de serviço para realizar reparos.

Uma vez superados os obstáculos, no entanto, o futuro é promissor.

Outra diferença fundamental para o Hubble é como o James Webb está projetado para observar a radiação infravermelha no universo. Isso é fundamental para o sucesso da missão: seja para observar as galáxias mais distantes do universo, cuja luz é "avermelhada" pela expansão do universo, seja para investigar os ambientes de formação de planetas ao redor de outras estrelas, a radiação infravermelha é a mais indicada para os estudos.

Vale lembrar que o telescópio não carrega apenas uma, mas quatro câmeras independentes, cada uma com um propósito diferente.

Diversos tipos de radiação infravermelha serão observadas, e vários dos instrumentos não apenas produzem imagens, mas dividem a radiação em seus componentes, permitindo um estudo detalhado da composição química e movimento dos corpos observados, através da técnica conhecida como espectroscopia.

Ainda assim, saibam que cientistas não colocam todos os ovos em apenas uma cesta.

O James Webb, mesmo por esse preço, não vem para resolver sozinho todos os problemas da astronomia, e estamos trabalhando duro para produzir uma nova geração de telescópios aqui na Terra também. Telescópios de quase 40 metros de diâmetro, capazes de complementar o trabalho do observatório espacial e, em muitos casos, superá-lo.

É essa combinação de técnicas e instrumentos que promete, ao longo da próxima década, redefinir nosso conhecimento sobre o universo. O James Webb vem aí para abrir o período com chave de ouro, mas não se surpreenda se daqui a 10 anos nosso entendimento de estrelas, planetas e galáxias de 2021 parecer rudimentar.