Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Mistério: por que buraco negro no centro de nossa galáxia é tão irregular?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Como podemos explicar os surtos de emissão de raios-X observados no buraco negro no centro de nossa galáxia? Uma equipe de cientistas, liderada por Alexis Andrés, tentou buscar explicações, mas verificou que a resposta é mais complexa que o esperado.
Sabemos que no centro de nossa galáxia, a Via Láctea, existe um buraco negro supermassivo — denominado de forma geral de Sagitário A* — com mais de 4 milhões de vezes a massa do Sol. Essa descoberta foi até premiada com o prêmio Nobel de Física em 2020.
No entanto, observamos também que o buraco negro ocasionalmente emite grandes quantidades de raios-X. Essas emissões estão associadas com a enorme energia encontrada pelo material ao redor de Sagitário A*, mas sua origem física exata ainda é desconhecida.
Os cientistas tentaram então analisar os dados observacionais do telescópio espacial Swift, que é capaz de detectar os raios-X, obtidos ao longo de 15 anos. Nathalie Degenaar, da Universidade de Amsterdã (orientadora de Andrés durante seus estudos de verão na Holanda) mantém o projeto com o telescópio há muito tempo, garantindo sua permanência com o objetivo de criar um banco de dados de longo prazo.
Com tantos dados, a equipe imaginava encontrar alguma periodicidade nos surtos. No entanto, mesmo utilizando técnicas estatísticas avançadas, os cientistas não puderam determinar qualquer regularidade nas emissões. Os surtos foram mais fortes entre 2006 e 2008, e novamente após 2012, com um período mais ameno entre 2008 e 2012.
A prevista periodicidade poderia favorecer um ou outro modelo de produção de raios-X, como o buraco negro engolindo material que passasse nas proximidades, ou a interação do buraco negro com nuvens de gás magnetizado. No entanto, a irregularidade observada não permite descartar nenhum modelo, ainda. O mistério permanece.
Dados catalogados e a democratização da ciência
Um detalhe interessante do projeto é que Andrés é salvadorenho, um país com pouca tradição científica. Ele teve a oportunidade de trabalhar em Amsterdã por um verão, e agora cursa o mestrado na Universidade Nacional Autônoma do México.
Os dados utilizados por ele estão disponíveis publicamente, o que favorece a democratização do estudo do universo. Afinal, países como Estados Unidos, França e Alemanha podem investir em novos instrumentos que são responsáveis por grande parte dos avanços científicos na astronomia.
Por outro lado, a construção de grandes bases de dados permite novas descobertas por pesquisadores de países com menor capacidade de investimento — como El Salvador e, em uma escala diferente, o Brasil.
Andrés diz que quer se tornar um cientista profissional e voltar ao seu país para fazer crescer o campo. Tomara que os planos deem certo!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.