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Como descobrimos o cometa que só passou perto da Terra 50 mil anos atrás
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No próximo dia primeiro de fevereiro, teremos a máxima aproximação do cometa C/2022 E3 (ZTF). Isso quer dizer que ele estará em seu ponto mais próximo da Terra, e a próxima oportunidade de vê-lo será somente daqui a 50 mil anos!
Infelizmente, a visibilidade do cometa é limitada do hemisfério Sul, e ele será visto somente por observadores nas regiões Norte e Nordeste do país, olhando na direção norte um pouco antes do nascer do sol.
Mesmo para as sortudas e os sortudos que estiverem em um local adequado, a observação a olho nu não será fácil.
O cometa será um pouco mais brilhante que o limite de detecção a olho nu, e apenas um céu escuro, afastado de grandes centros urbanos, permite a visualização do cometa.
Um par de binóculos ou um telescópio podem ajudar bastante.
Programas sofisticados de computador
O cometa foi descoberto por Bryce Bolin e Frank Masci no começo do ano passado. É interessante notar que, como grande parte das descobertas astronômicas atuais, o objeto foi visto em um grande projeto (neste caso a Fábrica de Transientes Zwicky, ou ZTF em inglês) que varre os céus em busca do que chamamos de transientes — ou seja, objetos que mudam de brilho ou posição.
Ao analisar milhares de imagens da mesma região do céu, os astrônomos usam sofisticados programas de computador para comparar as imagens, e detectar automaticamente as diferenças entre elas. Como os cometas se movem no céu de uma noite para a outra, são identificados pelos computadores como um objeto de interesse.
C/2022 E3 (ZTF), em particular, tem uma coloração esverdeada. A cor é causada pela presença de moléculas de carbono diatômico em sua superfície, que emitem a luz verde ao serem destruídas pela radiação solar ultravioleta.
Vale ressaltar que esse mecanismo foi confirmado apenas recentemente, quando cientistas australianos e norte-americanos conseguiram reproduzir em laboratório o efeito no final de 2021.
Uma última curiosidade digna de nota é o longo período de 50 mil anos do cometa. Isso significa que ele vem de longe, muito longe, passando pelas partes mais distantes do sistema solar antes de iniciar seu retorno à nossa vizinhança.
Por isso mesmo, cometas são objetos de grande interesse para a Astronomia. Por passarem tanto tempo longe do Sol, em lugares frios e escuros, conseguem preservar grande parte de sua composição original, quando se formaram a partir dos restos da nuvem que formou o Sol e os planetas.
Apenas ao se aproximarem do Sol passam por reações que produzem, por exemplo, a cauda cometária. Assim, são bons fósseis cósmicos que podem nos ajudar a compreender o nascimento do nosso sistema planetário.
Curiosidades científicas à parte, cometas são sempre um belo espetáculo a quem tiver sorte de poder enxergá-los. Então aos amantes de astronomia de plantão, desejo céus abertos!
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