Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
ChatGPT vai substituir astrônomo? Um 'detalhe' impede IA de virar cientista
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A inteligência artificial está na moda, não há dúvidas. Várias companhias e empresas planejam usar os seus recursos para tornar sua produção mais eficiente, e cientistas da computação imaginam como podem usar a IA na análise de diversos bancos de dados.
Na internet, a inteligência artificial é usada até para produzir conteúdo de entretenimento, e talvez a ferramenta mais popular hoje seja o ChatGPT. Faça uma pergunta, qualquer pergunta, e veja como o robô responde.
Mas será que há limites para a capacidade desses programas?
Pensando nessa possibilidade, um jornalista perguntou recentemente ao próprio ChatGPT sobre a substituição de cientistas pela inteligência artificial. A resposta? Astrônomos teriam seus dias contados, sendo deixados de lado nos próximos cinco anos.
Aqui eu posso afirmar, categoricamente e com toda a segurança do mundo, isso é uma bobagem.
Pela própria natureza da inteligência artificial, é muito difícil que substitua cientistas no futuro próximo.
Digo isso porque a inteligência artificial nada mais é que uma forma de treinar um programa para reprocessar dados e juntar isso de uma maneira diferente. Em resumo, o que sai depende do que entra.
Em termos técnicos, temos por exemplo uma amostra de treinamento, que é o conjunto de informações oferecido ao programa para que ele possa classificar os dados.
A coisa pode ser mais complicada, mas de uma forma geral o resultado continua dependendo muito do que oferecemos ao programa.
Da mesma forma, os resultados do ChatGPT dependem fundamentalmente da informação que ele recebe —de livros ou artigos à sua disposição online. Ele é incapaz de criar algo totalmente novo.
A própria capacidade de processar a informação já é bastante limitada, tendo em vista o oceano de dados que é a internet e a dificuldade de filtrar o que é pertinente.
Para conferir, basta perguntar ao ChatGPT sobre você mesmo; a probabilidade de que a resposta esteja errada é altíssima. Acreditem, eu já tentei e os resultados foram, no mínimo, cômicos.
Por isso mesmo o emprego de cientistas —não apenas astrônomos, mas qualquer atividade de pesquisa e desenvolvimento, em qualquer campo— está a salvo da inteligência artificial.
Nosso trabalho não se resume ao processamento de dados, mas o mais importante é a dedução lógica.
Veja bem, cientistas não reproduzem conhecimento, nós criamos conhecimento.
Nosso trabalho é fundamentalmente criativo, não estamos fazendo provas e tirando boas notas.
Os melhores cientistas não são aqueles com as melhores respostas, mas sim as melhores perguntas, aquelas que avançam nosso entendimento sobre o universo, a natureza, e nós mesmos.
Como a inteligência artificial seria capaz de formular hipóteses como a relatividade geral, se ninguém houvesse pensado nisso antes?
Por isso o trabalho de cientistas é tão importante, e ao mesmo tempo por isso necessitamos tantos anos de estudo; afinal, fazemos as perguntas que nunca ninguém havia feito antes, construindo conhecimento em cima da fundação estabelecida por nossos antecessores e antecessoras.
Isso é muito diferente, por exemplo, de um jogo de xadrez. O computador sabe muito bem onde quer chegar, e pode planejar com antecedência várias jogadas, inclusive aprendendo novos movimentos com seus oponentes.
Na ciência, o ponto final não é tão claro. Estamos explorando os limites do conhecimento humano, e para isso dependemos de nosso intelecto, nossa curiosidade.
Faço aqui um desafio aos leitores: aposto que nenhum programa de computador será capaz de nos tornar obsoletos nos próximos cinco anos. Alguém quer apostar comigo?
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.