Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Está pronto para uma nova forma de pensar? Veja como se tornar um cientista
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Esta semana acontece a Semana de Integração Acadêmica aqui na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É um evento que tenta mostrar grande parte da atividade feita na própria UFRJ, e um dos componentes mais importantes é a Jornada de Iniciação Científica, na qual estudantes de iniciação científica devem apresentar seu trabalho.
Para quem não sabe, iniciação científica é o primeiro passo na carreira de um cientista, ainda durante a graduação. Com sorte, há o pagamento de uma bolsa ao estudante, mas não é necessário. O fundamental, no entanto, é que o estudante comece a participar de um projeto científico sob a supervisão de um orientador ou orientadora.
Para mim, esse é um passo crucial na formação de jovens cientistas. Digo isso principalmente porque é um divisor de águas, um momento de aprender uma nova forma de pensar.
Até o final do ensino médio, e durante os cursos na universidade, estamos sendo avaliados pela nossa capacidade de fazer provas, ou seja, de conseguir de alguma forma reproduzir no papel algum tipo de conhecimento pré-existente.
Vejam que nem toda prova é pura decoreba; os melhores profissionais de ensino são capazes de preparar avaliações que levam em conta a capacidade de estudantes para refletir e processar o que aprenderam em sala de aula.
Mas o trabalho de cientista ainda é outra coisa.
Para ser um bom cientista, devemos criar conhecimento. Estamos fazendo algo inédito, descobrindo algo que nunca foi visto antes. E as habilidades necessárias são novas, o que pode representar um desafio para quem está acostumado a fazer provas — falo aqui por experiência própria.
Para mim, é como montar um quebra-cabeças recém-criado. Nunca ninguém resolveu o quebra-cabeças, não há a figura na tampa da caixa para servir de referência. É necessário interpretar as peças (ou evidências dos experimentos) para construir algo novo.
Não apenas isso, cientistas devem ser criativos. Talvez o maior desafio não seja a descoberta, mas a pergunta:
O que ainda não sabemos, e como posso fazer para que isso venha a ser conhecido?
Para isso, claro, também é fundamental estudar muito. Precisamos conhecer a fundo tudo que já se sabe, para encontrar as lacunas que ainda existem e os métodos para atacar o problema.
Se parece difícil, é porque é mesmo. Mas é importante ressaltar que os melhores cientistas, na minha opinião, não são aqueles que podem parecer gênios que trazem um talento inato de berço.
Na astronomia, pode haver estudantes com notas excelentes, mas que são bons de provas e que não têm a curiosidade ou dedicação necessárias para dar o passo adicional necessário aos cientistas.
Sei que é um grato prazer, após anos de estudo e treinamento como cientista, estar do outro lado, e poder orientar alunas e alunos no começo de suas carreiras. Um pouco nervosos, talvez, mas construindo aos poucos essa nova maneira de pensar.
Ao final da semana estarei eu, orientador orgulhoso, torcendo por uma nova geração de cientistas realizando as grandes descobertas das próximas décadas.
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