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James Webb e agora Euclid: por que lançamos mais um telescópio espacial?
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A Agência Espacial Europeia lançou o telescópio espacial Euclid no último sábado (1º). Em cerca de um mês, o satélite se juntará ao telescópio espacial James Webb no ponto de Lagrange L2, a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, para estudar o Universo.
Mas você deve estar se perguntando: será que precisamos mesmo de mais um telescópio espacial? Qual é a diferença entre eles?
A pergunta é válida e reflete os problemas que temos com a divulgação da ciência.
Por mais que a atenção dada ao James Webb seja excelente, e por mais que eu acredite que é necessário oferecer ao público a participação nas descobertas científicas através da imprensa, devemos ter cuidado para não vender a ideia de que ele resolverá todos os problemas da Astronomia sozinho —porque isso não é verdade.
Para explicar um pouco melhor a situação, vamos primeiro rever as diferenças básicas:
- O Euclid tem um espelho de 1,2 metro de diâmetro, contra os 6,5 metros do James Webb.
- Eles são capazes de detectar tipos de radiação semelhantes: o Euclid observa a luz visível e o infravermelho próximo, enquanto o James Webb enxerga parte do visível, infravermelho próximo e até o infravermelho médio.
- Por um lado, o James Webb é mesmo mais sensível, com um espelho muito maior.
- No entanto, o Euclid tem uma vantagem fundamental sobre seu colega espacial: um sensor de 600 milhões de pixels, contra apenas 4 milhões para as câmeras do James Webb.
Combinado com um enorme campo de visão, isso significa que o Euclid pode observar muito mais galáxias ao mesmo tempo, fotografando um enorme pedaço do céu de cada vez.
O James Webb, por outro lado, pode obter muito mais detalhes de objetos individuais, mas levaria muito mais tempo para mapear uma grande região do céu.
Qual deles é melhor?
Depende. São instrumentos feitos com objetivos distintos em mente, buscando atacar problemas científicos diferentes. Não são melhores ou piores, mas sim complementares.
O Euclid será excelente para estudar a energia escura. Analisando as distorções nos formatos de bilhões de galáxias (é isso mesmo, BILHÕES) causadas pela curvatura do espaço-tempo, os cientistas poderão utilizar as imagens para medir as propriedades da energia escura de forma inédita.
Se o interesse é investigar processos físicos em galáxias individuais, entretanto, não há dúvidas de que o James Webb é o campeão.
O mesmo poderia ser dito sobre os futuros telescópios terrestres, com diâmetros de até 40 metros.
Com inauguração prevista até o fim da década e com participação ativa de vários cientistas brasileiros, estes gigantes serão capazes de analisar algumas propriedades dos astros (como, por exemplo, sua composição química) muito melhor que qualquer telescópio espacial.
É importante ressaltar aqui que todo investimento em ciência é planejado com muito cuidado.
Para justificar o bilhão de dólares que cada supertelescópio acaba custando, os cientistas devem convencer um grande número de pessoas sobre a sua necessidade e originalidade. Sem isso, eles simplesmente não existiriam.
A ciência de qualidade é feita assim, com esforços conjuntos e investimentos colaborativos buscando sempre responder as grandes perguntas, sejam elas quais forem.
Não adianta colocar todos os ovos em uma única cesta espacial, devemos buscar o impacto de maneiras diferentes.
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