Ele conta que isso possibilita também que empresas da favela atendam ao entorno. "Além de a gente entregar, colocamos as lojas de Paraisópolis dentro do e-commerce. A mercadoria deixa de ser só um produto da favela e passa a ser um produto como qualquer outro. O que empodera o morador é dinheiro no bolso".
Ele fala com conhecimento de causa. As dificuldades financeiras marcaram sua infância e juventude. Quando chegou a Paraisópolis, aos 12 anos, vindo do interior da Paraíba em busca de uma vida melhor, não foi isso que encontrou de cara. "Chegamos a morar em um barraco com mais dez pessoas, a situação era muito precária", conta ele, que até hoje vive na comunidade, mas em condições mais dignas.
"Eu, inocente, não conseguia entender por que as pessoas precisavam passar por aquela situação. E sentia que tinha que fazer algo a respeito." Se movimentar para melhorar as coisas estava no sangue de Giva. Hoje, apesar da pouca idade, tem uma coleção de coisas que já fez a respeito.
Para começar, fuçou até conseguir entrar no Ensino Médio na unidade social de uma escola privada voltada especialmente para Paraisópolis. "Lá, fui criado e ensinado a desenvolver projetos sociais voltados para resolver problemas da comunidade", conta. Logo no primeiro ano, criou um projeto que venceu concursos. "Ganhei um incentivo e vi que, a partir daí, podia fazer muito mais". Não deu outra: no segundo ano, criou um sensor de enchente, uma plataforma de alumínio com chip que avisa por mensagem de texto os moradores de Paraisópolis se o nível dos córregos estiver subindo - um problema comum na região.
No terceiro ano, preparou-se e conseguiu uma bolsa de 100% para estudar Análise e Desenvolvimento de Sistemas. "Mas eu já era muito fora da caixinha na faculdade", diz. Giva conta os colegas diziam que queriam ser desenvolvedores, programadores. "Só que eu já tinha visão de negócio. Pensava em criar algo pra contratar o desenvolvedor e o programador", ri. O diploma está na mão, e a pós nos planos. Mas, na prática, empreender foi justamente o que Giva fez.