Afinal, o que torna uma cidade inteligente? Tire dúvidas sobre o assunto
Vinícius de Oliveira
Colaboração para Tilt
20/03/2021 04h00
Você já ouviu falar em cidades inteligentes? O conceito que surgiu nos anos 1990, mas se popularizou nos últimos anos, é usado para definir cidades que usam tecnologia para gerir recursos e pessoas, garantindo assim o melhor aproveitamento de sua infraestrutura.
Além disso, as cidades inteligentes tentam seguir as diretrizes globais das Nações Unidas para a construção de um futuro mais autossustentável. Por isso, desde 2014, a IESE Business School da Universidade de Navarra, na Espanha, publica um ranking das cidades mais inteligentes do mundo. Veja a seguir as principais perguntas sobre este tema.
O que torna uma cidade inteligente?
Cidades inteligentes, ou "smart cities", são um ecossistema urbano que usa tecnologia para controlar seus recursos e sua infraestrutura. O objetivo é impulsionar o desenvolvimento econômico e melhorar a qualidade de vida dos habitantes de forma sustentável. Uma cidade inteligente também usa estrategicamente seus serviços para atender às necessidades sociais e econômicas da população.
Quais são as cidades inteligentes?
De acordo com o Índice IESE Cities in Motion publicado em outubro de 2020, Londres (Reino Unido) é a cidade mais inteligente do mundo. O ranking é seguido por Nova York (Estados Unidos), Paris (França), Tóquio (Japão), Reykjavik (Islândia), Copenhague (Dinamarca), Berlim (Alemanha), Amsterdã (Holanda), Singapura (Singapura) e Hong Kong (China). O site do IESE tem a lista completa de cidades inteligentes.
O que é uma cidade sustentável e inteligente?
Em 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu 17 metas para construir um futuro melhor e mais autossustentável para a humanidade, identificando desafios que a população enfrenta diariamente. Entre os objetivos estão erradicação da pobreza, educação de qualidade, igualdade de gênero, saneamento básico universal, uso de energia limpa e crescimento econômico. Cidades sustentáveis e inteligentes fazem esforços para cumprir essas metas.
Quais são as cidades mais inteligentes do mundo?
Londres e Nova York disputam o título de cidade mais inteligente do mundo. A capital do Reino Unido ficou em primeiro lugar em três anos: 2020, 2019 e 2015. Já a metrópole americana conquistou a primeira posição em 2018, 2017, 2016 e 2014.
Por que Londres e Nova York são consideradas inteligentes?
Desde o início da publicação do ranking da IESE, Londres e Nova York disputam as duas primeiras posições.
Londres está no topo quando se trata de capital humano e projeção internacional, figurando ainda em segundo lugar na questão de governança, planejamento urbano e mobilidade. Já Nova York ficou em primeiro lugar quando se trata de economia, planejamento urbano e mobilidade.
Ambas as cidades enfrentam desafios de coesão social, setor que analisa problemas de desigualdade social, racial e sexual em áreas urbanas.
Quais são as cidades inteligentes do Brasil?
O ranking de 2020 divulgado pela IESE tem seis cidades brasileiras. São elas: São Paulo (123º lugar), Rio de Janeiro (132º), Brasília (135º), Curitiba (138º), Belo Horizonte (156º) e Salvador (157º). A lista analisa 174 cidades em 80 países diferentes.
Quais são setores das cidades inteligentes?
São nove os setores principais que indicam o nível de inteligência de uma cidade: capital humano, coesão social, economia, governança, meio ambiente, mobilidade e transporte, planejamento urbano, projeção internacional e tecnologia. Dentre estes setores, o estudo da IESE faz uma análise de 101 indicadores.
Que características devem ser apresentadas por uma cidade inteligente?
Como dissemos, uma cidade inteligente deve pontuar em nove dimensões diferentes e 101 variáveis. Entre as principais estão o nível de educação da população, o acesso a serviços de internet e saneamento básico, disponibilidade de serviços de mobilidade e de economia compartilhada.
Quais são as variáveis que indicam o nível de inteligência de uma cidade?
Ao todo, são 101 as variáveis que compõem o nível de inteligência de uma cidade e elas estão divididas em nove dimensões ou setores principais. Algumas dessas variáveis são:
- Capital humano: leva em consideração indicadores de educação e equipamentos culturais;
- Coesão social: indicadores relacionados a direitos humanos, como ambientes amigáveis para mulheres, se há trabalho análogo à escravidão e políticas de combate; à saúde pública, à criminalidade, entre outros;
- Economia colaborativa: diz respeito a como as pessoas ganham dinheiro e de que maneira contribuem com a economia da cidade, levando em consideração o quão fácil é abrir um novo negócio, se as pessoas empreendem por necessidade ou por criatividade, poder de compra, valor do salário e PIB (Produto Interno Bruto);
- Governança: leva em consideração a estrutura governamental, se a tecnologia vem sendo usada para promover acesso e inclusão social nas estruturas de poder, o índice de percepção da corrupção, entre outros;
- Meio ambiente: observa a quantidade de lixo gerada por pessoa, a previsão de temperatura da cidade em 2100, quantidade de emissão de gás de efeito estufa, índice de poluição, de saneamento básico e água potável per capita, entre outros;
- Mobilidade e transporte: leva em consideração se há serviços de aluguel de bicicletas e outros tipos de transporte, o tempo gasto pelas pessoas no trânsito, o tempo médio que elas levam para ir ao trabalho, estrutura de mobilidade urbana;
- Planejamento urbano: número de prédios e pessoas por moradia, quantidade de prédios com mais de 12 andares (ou 35 metros de altura);
- Projeção internacional: número de passageiros nos aeroportos, hotéis, preço de comidas em bares e restaurantes;
- Tecnologia: diz respeito a quão conectada está a população de uma determinada cidade, avaliando a cobertura da rede móvel e quantidade de assinaturas de internet banda larga, quantas residências têm acesso à internet, número de pessoas que usam serviços bancários online, fazem videochamadas, usam redes sociais, número de casas com computadores pessoais, entre outros pontos.