O que é 5G? Tire suas dúvidas sobre a quinta geração da telefonia
O 5G é a evolução natural das gerações anteriores —3G e 4G— e traz como diferencial não apenas mais velocidade de conexão à internet no celular, mas outras aplicações que poderão revolucionar a sociedade, como objetos inteligentes conectados e cidades inteligentes.
Mas que diferença ela fará em nossas vidas? Todos os aparelhos celulares serão compatíveis? Quando sua versão completa funcionará ao Brasil? Veja as respostas abaixo.
O que é 5G?
A tecnologia 5G é a próxima geração de rede de internet móvel. Ela trará ainda mais velocidade para downloads e uploads, cobertura mais ampla e conexões mais estáveis.
A ideia é usar o melhor espectro de rádio e permitir que mais aparelhos acessem a internet móvel ao mesmo tempo. De acordo com especialistas, o 5G permitirá que mais de 1 milhão de aparelhos se conectem por metro quadrado.
A proposta é tornar tudo conectado, como celulares, carros, geladeira, máquinas de lavar e câmeras de segurança, entre outros eletrônicos.
Qual a velocidade do 5G?
Atualmente, as redes móveis 4G mais rápidas oferecem, em média, aproximadamente 45 Mbps (megabit por segundo), mas a indústria ainda tem esperança de alcançar 1 Gbps (gigabit por segundo = 1.024 Mbps). Já a média da velocidade 3G no Brasil era de 8,82 Mbps (megabits por segundo).
Há ainda a rede 4,5G, que trabalha com múltiplas faixas de frequência ao mesmo tempo em relação ao 4G tradicional. A tecnologia pode registrar no mundo ideal até 1 Gbps de velocidade.
E é exatamente por isso que esperamos tanto o 5G. A fabricante de chips Qualcomm acredita que o 5G pode atingir rapidez de navegação e download cerca de dez a 20 vezes mais rápida. Já imaginou poder baixar um filme em alta definição em apenas um minuto?
Em teste realizado na Coreia do Sul, onde a tecnologia já está em funcionamento (veja mais países abaixo), a reportagem de Tilt se surpreendeu com a velocidade. Para baixar o jogo "PUBG Mobile", com 2 GB de armazenamento, foram menos de dois minutos.
Como funciona o 5G?
Ele usa faixas de frequência mais altas da telefonia para funcionar, de 3,5 GHz (Gigahertz) a pelo menos 26 GHz. Estas têm uma capacidade maior, mas como seus comprimentos de onda são menores, significa que seu alcance é mais curto. Por isso, são chamadas de "ondas milimétricas" e são bloqueados mais facilmente por objetos físicos. Mas os padrões ainda não foram definidos para todos os protocolos 5G.
Assim, é provável que surjam módulos de antenas de telefonia menores, próximos ao chão, propagando as chamadas "ondas milimétricas" do 5G entre um número bem maior de transmissores e receptores. Isso vai permitir uma cobertura mais ampla.
Para que serve o 5G?
Engana-se quem pensa que a tecnologia 5G vem apenas para deixar a navegação na internet mais rápida. A expectativa é a de que, quando chegar no último estágio, o 5G represente um avanço importante como sociedade.
Graças a sua velocidade e cobertura, estima-se que o 5G possa, em muitos casos, substituir até mesmo as redes domésticas de wi-fi. Alguns especialistas acreditam que a tecnologia será complementar, com operadoras oferecendo banda larga, modem 5G e wi-fi para diferentes perfis.
Além disso, a tecnologia será muito bem-vinda para quem joga games no celular, já que o usuário deve notar menos atraso —ou latência— ao pressionar um comando e ver o efeito na tela. Essa característica também é importante para que o 5G conecte muitos objetos inteligentes ao mesmo tempo, pois seu tempo de resposta rápido permitirá até que carros andem sem motorista.
Os vídeos para aparelhos móveis prometem ser quase instantâneos e sem interrupções por causa da transmissão. As videochamadas, por sua vez, devem se tornar mais claras e menos irregulares, enquanto aparelhos para exercícios poderão ser usados para monitorar sua saúde em tempo real, notificando os médicos assim que houver qualquer emergência.
Regiões mais afastadas vão se beneficiar com a tecnologia 5G?
Em teoria, sim. Nas áreas rurais, para as operadoras pode ser mais viável construir antenas e dar roteadores 5G a usuários do que passar fios de fibra por baixo da terra para a casa de cada cliente, algo mais custoso.
Isso trará uma comodidade que muitos gostariam. Você já teve problema com repetidores de wi-fi? Pois bem, com a internet 5G, sem os cabos seria possível carregar seu roteador entre os diferentes cômodos. Assim, a qualidade da conexão e uma boa velocidade estão garantidos em todo canto da casa.
No entanto, nas grandes cidades a fibra da internet fixa seguirá vantajosa tanto para usuários quanto para operadoras, por causa da enorme infraestrutura já criada.
Qual o custo da tecnologia 5G?
Especialistas apontam que operadoras tendem a oferecer franquias mais "generosas" com o 5G, o custo do bit do 5G é menor. Algumas operadoras estrangeiras disponibilizaram planos de 5G ilimitados neste início de ofertas: é o caso da britânica Vodafone, com preços que variam entre 23 e 30 libras (de R$ 120 a R$ 155) mensalmente.
Planos iniciais de empresas americanas, como Verizon e Sprint, também incluem pacotes ilimitados de 5G, mas oferecem limitações para quando o usuário for utilizar o 4G, algo que ocorrerá provavelmente com frequência, já que o sinal ainda está em processo de implantação.
Isso também é necessário do ponto de vista dos usuários: com uma internet absurdamente mais rápida, é difícil segurar o gasto de dados.
O que falta para ter 5G no Brasil?
A Claro trouxe em julho de 2020 o 5G DSS, oferecido em parceria com a empresa sueca Ericsson e que compartilha frequências que já funcionam no Brasil para entregar uma internet, segundo ela, até 12 vezes mais rápida que o 4G tradicional. Mas ainda não opera nas faixas a serem usadas pelo 5G, que ainda dependem de um leilão da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações), atualmente previsto para 2021.
A tecnologia deve chegar definitivamente no Brasil apenas no ano que vem. O leilão para o 5G no país deve ser o maior de radiofrequências da história do país e a maior oferta pública de capacidade para a tecnologia móvel de quinta geração no mundo.
Previsto para ocorrer no final de 2020, o leilão foi adiado por conta da pandemia da covid-19, segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN).
Como será o leilão para 5G no Brasil?
O leilão terá faixas dedicadas à operação nacional do 5G e outras voltadas à operação regional. A faixa dos 3,5 GHz, a mais atraente, será licitada de forma regional e nacional, para que as empresas adquiram o direito para atuar em áreas mais rentáveis e também com outras menos interessantes do ponto de vista econômico.
Ainda foi proposta uma mudança na divisão regional. Dessa forma, a empresa que vencer a disputa para operar no Estado de São Paulo, o mais atraente, terá de atender também a região Norte. Fora isso, a divisão ficou semelhante à organização das regiões do Brasil. Desse modo, os blocos ficaram assim: região Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste (com exceção de São Paulo). Parte do interior de São Paulo, algumas cidades de Minas, Mato Grosso e Goiás também foi transformado em um bloco isolado.
As empresas de pequeno porte e aquelas que não têm presença no Brasil terão uma vantagem. Isso é uma novidade nos leilões promovidos pela Anatel. Elas terão prioridade na hora dos lances por um bloco dentro da faixa mais buscada, a de 3,5 GHz.
Vou precisar de um celular novo para utilizar o 5G?
Provavelmente sim. Nem todos os modelos são compatíveis com a nova tecnologia. A situação no Brasil deve ser parecida com a época do lançamento do 4G, em 2012, quando nem todos smartphones eram compatíveis.
Com o 5G, não deve ser diferente. São poucos modelos a venda atualmente no mundo que possuem essa capacidade —e são bem caros. Agora que a tecnologia passou a ser realidade, as fabricantes devem realizar uma corrida para trazer aparelhos compatíveis ao Brasil.
O primeiro smartphone a ser compatível à tecnologia 5G no Brasil foi lançado no final de junho. Trata-se do Motorola Edge+, que com o processador Qualcomm Snapdragon 865, de última geração, chega ao mercado com preço de R$ 7.999.
Mas como o leilão das bandas de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz está previsto para ocorrer em 2021, os usuários que adquirirem o aparelho poderão desfrutar da potência apenas quando viajar para países que já têm a tecnologia
Quais países estão utilizando o 5G?
A Coreia do Sul já tem a tecnologia disponível para os usuários, apesar de a rede ainda demonstrar instabilidade por lá. No país asiático, as três principais operadoras de telefonia móvel começaram a disponibilizar este tipo de conexão para consumidores em diferentes regiões em abril de 2019.
No mesmo mês, os Estados Unidos lançaram seu 5G. A empresa Verizon passou a oferecer o serviço nas cidades de Chicago e Minneapolis. A Sprint também oferece a tecnologia atualmente.
Em outubro de 2019, a China lançou a maior rede de telefonia móvel 5G do mundo. A China Mobile, maior operadora do país, lançou sua rede em 50 cidades, que incluem Pequim, Xangai e Shenzhen, com pacotes a preços baixos de 128 yuans (R$ 98) por mês. As rivais China Telecom e China Unicom Hong Kong também introduziram serviços com preços equivalentes.
Também no ano passado, a rede 5G ficou disponível no Reino Unido. Assim como no Brasil, o Canadá iria realizar um leilão para a implantação da rede em 2020, mas, por conta da covid-19, a licitação foi adiada para o ano que vem.
Mas se levarmos em conta o 5G DSS, o Brasil foi o terceiro país da América do Sul a ter uma rede 5G comercial disponível. Em abril de 2019, o Uruguai, por meio da estatal Antel e com tecnologia da Nokia, foi o primeiro país a disponibilizar lançar o 5G comercialmente no continente, seguido pelo Suriname em dezembro.
Trinidad e Tobago, Canadá e Estados Unidos (incluindo Ilhas Virgens Americanas e Porto Rico) são outros países da América do Norte, Central e Caribe onde serviços do tipo são oferecidos.
Qual o perigo da tecnologia 5G?
À saúde humana, nenhum. Após a pandemia de coronavírus, notícias falsas contra o 5G se espalharam nas redes sociais. De acordo com alguns usuários, o coronavírus é resultado da exposição dos seres humanos a frequências dessa rede de telefonia.
De acordo com o biomédico Renato Sabbatini, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, o 5G não traz nenhum risco. A potência do 5G vai ser bem menor (com relação ao 4G), então a possibilidade de efeitos sobre a saúde, que já não existem, será menor ainda. Todas as faixas de radiofrequência são do tipo não ionizantes, ou seja, não têm potência suficiente para quebrar relações moleculares.
Como vai funcionar o 5G na internet das coisas?
Uma das certezas é a aplicação em carros autônomos. Há testes em várias partes do mundo, com carros, ônibus e até caminhões. Com isso, diminuiria o trânsito e acidentes.
Outro sonho que pode se tornar realidade é o da casa conectada. Por exemplo, antes mesmo de você chegar em casa, o ar-condicionado pode ser acionado para deixar o ambiente agradável, o forno ligar e começar a esquentar sua comida, e TV, luzes e som começarem a funcionar assim que você entrar.
Mas a inovação não deve parar em sua casa. A cidade inteira estará conectada. Com isso, ônibus e vagões de trem saberão a hora de passar. Se existir algum problema em algum ponto, ele pode ser corrigido com a ajuda da inteligência artificial antes mesmo que você note. A latência menor é o que ajuda a ter respostas mais rápidas.
A indústria será afetada. As máquinas gigantes das fábricas, conectadas à internet sem fio, se tornarão muito mais eficientes. Tanto para mandar dados e apontar problemas, quando para poderem mudar de lugar sem precisar de toda a infraestrutura de cabos junto.
Por fim, a vida nos estádios para shows pode ser muito melhor. Seu celular já faz o caminho para seu assento, já deixa ele programado com as suas preferências (e quem sabe bebidas e comidas já na mão). A conexão vai funcionar o tempo todo, para todo mundo, graças à densidade do 5G, capaz de suportar mais conexões simultâneas.
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