É coisa nossa: conheça 6 grandes invenções criadas por brasileiros
Do UOL, em São Paulo
23/12/2017 04h00
Graças à nossa infame "síndrome de vira-lata", muitos tendem a considerar o Brasil uma terra que não contribuiu - ou, ao menos, contribuiu muito pouco - com os avanços científicos que geraram o mundo moderno.
A verdade, porém, é que durante os séculos, e até mesmo hoje em dia, brasileiros têm inovado vários elementos da sociedade, de meios de comunicação, a transporte, até entretenimento.
Sendo assim, separamos alguns dos inventos mais notáveis que tiveram participação conhecida, desconhecida, e até controversa de pessoas nascidas ou criadas no Brasil.
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Rádio - Padre Roberto Landell de Moura
Catorze anos antes do italiano Guglielmo Marconi, o padre Roberto Landell de Moura conseguiu transmitir a voz humana por oito quilômetros via ondas de rádio em 3 de junho de 1900, entre a Avenida Paulista e o Alto de Santana.
Além da patente brasileira de seu invento, em 1904 Landell de Moura chegou a ser reconhecido pelo Escritório de Patentes dos EUA por três inventos diferentes: um transmissor de ondas, um telefone sem fio e um telégrafo sem fio.
Infelizmente, por falta de investimento do governo brasileiro e controvérsia com a Igreja Católica, o padre não pôde continuar seus experimentos, e se tornou um rodapé na história das telecomunicações. -
Balão - Padre Bartolomeu de Gusmão
Outro homem da batina que ficou marcado por seus trabalhos científicos, o padre Bartolomeu de Gusmão nasceu em Santos, na época do Brasil colonial, e é considerado um dos pioneiros da aviação e transporte aéreo.
Em 1709, Bartolomeu demonstrou para a Corte do Rei Dom João V de Portugal cinco experimentos envolvendo balões de vários tamanhos, que eram levantados para o ar pelo calor de chamas logo abaixo deles.
Os experimentos foram testemunhados por várias figuras importantes além do Rei, incluindo o futuro Papa Inocêncio XIII, mas sua utilidade foi questionada, já que não era possível controlar os balões diretamente.
O padre tinha planos de criar um dirigível tripulado - conhecido como Passarola -, mas até onde se sabe um protótipo nunca foi criado. Para piorar, anos depois o padre chegou a ser perseguido pela Inquisição, adoecendo e morrendo na Espanha em 1724, aos 38 anos.
A história do padre Bartolomeu de Gusmão e a Passarola inspirou o autor José Saramago, e os dois são figuras centrais do livro "Memorial do Convento". -
Transmissão automática - José Braz Araripe e Fernando Lehly Lemos
No Brasil, carros tendem a ter transmissão manual. Curiosamente, sem a ajuda de dois engenheiros brasileiros, a transmissão automática não existiria - ou, ao menos, não da forma que conhecemos.
Em 1932, José Braz Araripe e Fernando Lehly Lemos desenvolveram um sistema de troca de marchas automática por fluído hidráulico. O projeto e protótipo foram vendidos para a General Motors, que em 1940 lançou um modelo do carro Oldsmobile com a chamada transmissão "Hydra-Matic", uma precursora do que pode ser encontrada em veículos automáticos de hoje em dia. -
Identificador de chamadas - Nélio José Nicolai
Em 1977, Nélio José Nicolai, um funcionário da estatal Telebrasília, criou a Bina, uma máquina capaz de identificar o número de telefone nas ligações. A ideia por trás do invento era diminuir o número de trotes e golpes.
Após adaptar e patentear a tecnologia no Brasil nos anos 1990, Nicolai passou as décadas seguintes em batalhas legais com grandes empresas de telecomunicação, como a Vivo e Claro, para que fosse reconhecido e recompensado por seu invento - agora disponível em milhões de celulares no país.
Ele chegou a ser compensado pela Vivo por um valor que considerou "irrisório", e combateu os recursos contra as empresas, mas faleceu antes do fim do processo, em novembro de 2017, aos 77 anos.
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Reprodutor de áudio portátil - Andreas Pavel
Antes do iPod, Zune, Discman ou Walkman, o alemão naturalizado brasileiro Andreas Pavel criou um dispositivo conhecido como "Stereobelt", capaz de reproduzir músicas remotamente por meio de fones de ouvido.
Pavel montou a primeira versão do Stereobelt em 1972, mas só patenteou seu invento em 1977 na Itália, e mais tarde nos EUA, Reino Unido, Alemanha e Japão. Além disso, ele mostrou o protótipo para diversas empresas, incluindo a japonesa Sony.
No ano seguinte, a empresa lançou o icônico Walkman, e Pavel passou anos nas cortes para receber royalties como criador desta tecnologia. Em 1986, a Sony pagou o inventor, mas apenas por aparelhos vendidos na Alemanha.
Finalmente, em 2003, Pavel e a Sony chegaram a um acordo fora das cortes, e o teuto-brasileiro é considerado oficialmente o criador do chamado "personal stereo".
Não bastasse isso, uma versão do Stereobelt apareceu nos cinemas em "X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido", utilizado pelo mutante Mercúrio em uma das sequências mais memoráveis do filme. Leia mais -
Avião - Alberto Santos-Dumont
Um dos maiores brasileiros de todos os tempos, Alberto Santos Dumont mudou completamente a aviação moderna, contribuindo diretamente tanto no desenvolvimento tanto de dirigíveis quanto aviões.
Graças a seus projetos como o No. 5 e o 14-bis, Santos Dumont abriu as portas para o surgimento de uma nova forma de transporte - e, considerando isto um bem mundial, nunca patenteou qualquer uma de suas invenções.
Haverá sempre a discussão entre brasileiros e americanos sobre Santos Dumont e os irmãos Wright. Mas, pelo menos, podemos dizer que nosso inventor também foi indiretamente responsável por outro avanço tecnológico: o relógio de pulso, ao pedir para seu amigo Louis Cartier criar um dispositivo especial, já que era difícil pegar um relógio de bolso enquanto pilotava suas máquinas.