As atmosferas dos planetas WASP-76b e WASP-121b, a centenas de anos-luz da Terra, possuem bário. Esse é o elemento mais pesado já observado na atmosfera de um exoplaneta.

A descoberta foi feita por uma equipe internacional liderada por Tomás Azevedo Silva, da Universidade do Porto e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço de Portugal.

Segundo Thiago Gonçalves, colunista de Tilt, para fazer a descoberta, a equipe utilizou a câmera Espresso no observatório dos Very Large Telescopes (Telescópios Muito Grandes, em inglês), no Chile.

Embora a técnica seja similar àquela usada pelo telescópio espacial James Webb, uma diferença fundamental é a resolução espectral, ou seja, a capacidade do instrumento de separar as cores da luz recebida. A resolução do Espresso é muito maior, e isso é crítico para poder encontrar elementos mais pesados, como o bário.

"Com todo o poder dos telescópios espaciais, esse resultado seria absolutamente impossível para o James Webb. Ainda não temos a capacidade de instalar espectrógrafos de alta resolução no espaço. Nesse sentido, a perspectiva é muito melhor para a próxima geração de telescópios terrestres. Uma boa oportunidade para lembrarmos que os telescópios espaciais não podem resolver todos os nossos problemas", afirmou Gonçalves.

Para detectar esses elementos, os cientistas apontam os telescópios para uma estrela durante um "eclipse", ou seja, quando o exoplaneta está entre nós e a estrela. Se não houvesse atmosfera, a única diferença seria a diminuição de brilho estelar, em todas as cores. No entanto, a pequena fração de luz que atravessa a atmosfera é afetada diferentemente pelos diferentes elementos presentes, que bloqueiam mais algumas cores, permitindo aos cientistas a análise da composição química dos gases ali presentes.

A descoberta do bário na atmosfera dos dois exoplanetas é surpreendente por causa do peso dos átomos observados. É um desafio explicar como ele pode ser visto nas camadas superiores da atmosfera, e os próprios autores levantam a hipótese de um modelo inesperado de dinâmica da atmosfera que poderia carregar o elemento para maiores altitudes.

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