Se nos Estados Unidos — e cada vez mais no Brasil — a Black Friday é o dia mais aguardado do ano para fazer compras, na China, a data de gastar também é em novembro, mas na primeira metade do mês. Trata-se do festival de compras 11.11, criado pelo grupo Alibaba, há 14 anos.

O colunista Felipe Zmoginski, de Tilt, conta que o 11.11 foi uma ideia de marketing que deu certo, com descontos bem atrativos para o consumidor, e que, lá no passado, serviu para convencer usuários resistentes às compras online a migrar para o varejo digital.

Hoje, a China é o único mercado no mundo em que as vendas online superam as feitas em lojas físicas (52% a 48%). Com isso, as inovações para manter o consumidor gastando na data são diferenciadas, como as vendas sociais (um usuário recomenda um produto a outro, em troca de descontos), os pagamentos mobile (mais de 80% do dinheiro circulante na China é digital), a logística automatizada (empacotamento e entregas parcialmente executadas por robôs) e, agora, as vendas por meio de lives — o chamado live commerce.

Apenas uma das plataformas chinesas, o Taobao, comunicou esta semana que há mais de 500 mil streamers realizando vendas em seu marketplace.

O método faz sucesso porque soma as vantagens e comodidades da compra online com características, até então, só possível em lojas físicas, como conversar com o vendedor (no caso, virtualmente) e trocar experiências com outros consumidores (por meio de chat) antes de tomar a decisão de compra.

O live commerce é, na verdade, um singelo exemplo de como as big techs chinesas vêm transformando seus modelos de negócios e adicionando novas tecnologias às suas operações.

O ponto central do debate é que elas fazem isso mais e melhor do que as rivais ocidentais, projetando sombras sobre referências consagradas da inovação — como a Amazon — e despertando dúvidas: afinal, quais corporações vão puxar a transformação dos mercados nos próximos anos?

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