Ao soltar uma nota contra o PL das Fake News utilizando uma linguagem exagerada, como "a democracia está sob ataque", o Telegram atravessou o samba. Essa é a opinião de Carlos Affonso Souza, colunista de Tilt. Segundo Affonso, o Telegram acabou minando o debate técnico e fazendo a discussão retroceder à polarização entre os que acham que o PL vai acabar com todo o mal na internet e aqueles que enxergam no texto apenas um instrumento de censura governamental. Nesta semana, o colunista traçou um histórico da situação do PL das Fake News, contando como se deu a retirada da votação, em 2 de maio, os exageros dos dois lados, a entrada em cena das big techs e o contra-ataque do governo federal. Affonso afirma que houve uma união entre o bloco de oposição ao governo federal e as empresas de tecnologia, mas aponta que se trata de um casamento de ocasião e que se engana quem pensa que pautas sobre regulação da rede não vão passar no Congresso. "O PL2630 enfrentou tamanhas dificuldades não apenas em razão de posicionamentos políticos, mas também porque ele já trata de um tema que inspira divisões e, nos últimos anos (e semanas), tratou de ir acrescentando novos assuntos, tornando o consenso ainda mais difícil", opinou. A retirada do PL2630 de votação abriu espaço para que o texto do projeto fosse aperfeiçoado. Nesse meio tempo, aumentou a pressão para que uma entidade já existente assumisse o papel de fiscal da futura lei, com a Anatel sendo bastante vocal sobre o seu interesse. Foi nesse contexto, com tantas discussões importantes pela frente, que o Telegram soltou uma nota contra o PL e todo o clima de polarização do dia da votação voltou com força total. Para Affonso, o texto do Telegram até joga luz sobre temas importantes do PL, mas na maior parte das vezes o faz de modo exagerado, quase caricato. Além disso, vale se questionar a pertinência desse texto aparecer justo quando se procurava acertar as arestas do PL2630 para viabilizar a sua votação. Segundo o colunista, a nota do Telegram aumenta de forma considerável a chance de o STF (Supremo Tribunal Federal), através de dois casos que aguardam julgamento, decidir traçar as diretrizes da regulação das redes por via judicial. Por isso, ao soltar nota contrária ao PL2630 com tintas fortes, o Telegram pode ter atravessado o samba. Para mobilizar as bases o texto acaba provocando as autoridades, dificulta o debate sobre aperfeiçoamentos do PL, e de quebra, pode ter dado a senha para que o STF não deixe o samba morrer. **** CONFIRA TAMBÉM UOL CARROS DO FUTURO Toda quarta-feira, a newsletter UOL Carros do Futuro traz tendências e debates sobre as novas tecnologias da indústria automobilística. Nesta semana, a newsletter conta que estradas que carregam carros elétricos em movimento devem sair do papel em 2025. Quer se cadastrar e receber o boletim semanal? Clique aqui. PUBLICIDADE | | |