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Aplicativo do Partido Comunista Chinês estaria espionando usuários

Dados de usuários estariam sendo coletados acima do normal - iStock
Dados de usuários estariam sendo coletados acima do normal Imagem: iStock

17/10/2019 14h58

Pequim, 17 Out 2019 (AFP) - Ele serve para estudar o pensamento do presidente Xi Jinping e memorizar suas frases mais conhecidas, mas um popular aplicativo de propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC) também poderia estar sendo usado para espionar seus usuários, de acordo com um grupo que defende a liberdade na Internet.

O aplicativo, cuja página principal mostra uma foto do presidente Xi em um fundo vermelho, chama-se "Xuexi Qiangguo".

Segundo a mídia chinesa, foi baixado 130 milhões de vezes desde o seu lançamento em janeiro pelo Departamento de Propaganda do Partido Comunista.

Apresentado como uma ferramenta educacional, o aplicativo atribui pontos aos usuários quando eles compartilham artigos ou respondem a perguntas corretamente. Mas, por sua vez, os usuários também precisam fornecer uma infinidade de dados, como sua localização ou seu endereço de e-mail, diz o Open Technology Fund (OTF), um grupo financiado pelo governo americano que defende a liberdade na Internet.

As condições de uso do aplicativo também estipulam que os usuários podem ter que transmitir outros dados pessoais, como impressões digitais e o número do documento de identidade, dependendo das funções às quais desejam acessar.

Enquanto o Partido Comunista apresenta esse aplicativo como "um meio para os cidadãos demonstrarem lealdade e estudar seu país, o aplicativo os estuda", ironiza o OTF em seu site, referindo-se ao nome ambíguo do aplicativo.

Para chegar a essas conclusões, o Open Technology Fund se baseou em pesquisas da empresa alemã Cure53, especializada em segurança cibernética.

"Xuexi Qiangguo" escaneia o smartphone do usuário como se tentasse "averiguar quais aplicativos já foram instalados", aponta a empresa.

A investigação, realizada em agosto, limitou-se à versão Android do aplicativo. "É incomum ter tantos dados recolhidos", ressalta Jane Manchun Wong, especialista em segurança cibernética.

Suspeita-se que o governo chinês esteja recorrendo cada vez mais à tecnologia (câmeras de vigilância, reconhecimento facial) para vigiar sua população.

O governo também pede aos jornalistas chineses que utilizem o "Xuexi Qiangguo" para uma prova que deverão fazer no próximo mês para obter sua credencial de imprensa, segundo anúncio publicado semana passada.

Procurado pela AFP, o departamento de propaganda do Partido Comunista não respondeu sobre a questão.