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Brasil não teme consequências em disputa por 5G, diz Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que veto à Huawei seria prejudicial às operadoras de telefonia - Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que veto à Huawei seria prejudicial às operadoras de telefonia Imagem: Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo

04/08/2020 15h11

O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira (3) que o Brasil não teme consequências se optar pela chinesa Huawei, com "uma capacidade acima de muitos concorrentes", para instalar a conexão 5G, após advertências do embaixador dos Estados Unidos em Brasília.

"Eu não diria que retaliação, mas consequências sim", disse o embaixador Todd Chapman na semana passada sobre a possibilidade de o Brasil sofrer retaliação se permitir o uso de equipamentos da Huawei, acusada pelos Estados Unidos de servir à espionagem do governo Chinês.

"Em absoluto", respondeu Mourão quando perguntado se temia que isso pudesse acontecer, em uma entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo nesta segunda-feira.

"Sabemos que esta empresa Huawei tem uma capacidade acima de algumas concorrentes", acrescentou.

"O que deve ficar claro é que atualmente mais de um terço do que temos da operação 4G por nossas empresas de comunicações já possui equipamentos da Huawei.

"Se banirmos a Huawei, nossas operadoras serão prejudicadas porque o equipamento precisará ser retirado", disse o general.

O leilão da quinta geração de tecnologia móvel (5G) deveria ser realizado este ano no Brasil, apontado como um de seus principais mercados, mas foi adiado devido à pandemia de coronavírus.

A implantação da rede tornou-se um capítulo importante na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, respectivamente o primeiro e o segundo parceiros comerciais do Brasil.

Quando a licitação estiver agendada para 2021, o governo do presidente Jair Bolsonaro, aliado de Washington, deve escolher entre a Huawei ou suas concorrentes, incluindo as europeias Ericsson e Nokia, apoiadas pelo governo Trump.

Mourão destacou que nenhuma empresa pode ser impedida de participar de uma licitação.

"A grande observação que se coloca à participação dessa empresa é que os dados que trafegariam por meio dessa rede seriam transmitidos ao governo chinês. A gente sabe que as empresas chinesas têm uma 'compliance' com o governo daquele país, mas elas têm que ter uma 'compliance' com os países que estão trabalhando."

"Acho que essa será a grande discussão no momento do leilão", afirmou.

Mourão descartou mudanças nas relações com os Estados Unidos, caso o atual presidente republicano Donald Trump perca as eleições de novembro contra o democrata Joe Biden.

"Nossa visão é clara. Os Estados Unidos são um aliado histórico (...) Independentemente da presença do presidente Trump, ou no caso de Joe Biden ser o novo presidente, o relacionamento entre os estados brasileiro e americano continuará bem."