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'Coquetel explosivo' faz chips sumirem do mercado e preços de iPhone disparam

Getty Images
Imagem: Getty Images

Kuala Lumpur

20/02/2021 17h04

Os preços do PlayStation e do iPhone podem aumentar este ano devido a uma falta de microprocessadores provocada por um coquetel explosivo: um boom da demanda de redes de produção muito afetadas pela pandemia e pelas guerras comerciais, advertem analistas.

Durante o confinamento provocado pela pandemia de covid-19, os consumidores correram para os computadores, tablets ou consoles de jogos, que funcionam com microchips.

Ao mesmo tempo, a gigante da tecnologia Huawei, que viu o agravamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos, estocou semicondutores no ano passado antes das sanções americanas, o que aumentou a pressão sobre a oferta.

As tensões no mercado se tornaram evidentes quando as montadoras de automóveis tentaram adquirir mais microprocessadores e perceberam que os fabricantes dariam prioridade à eletrônica de consumo.

O automóvel é até o momento a vítima mais visível da falta de semicondutores, com gigantes como Ford e Volkswagen obrigadas a reduzir sua produção.

Mas outros setores também foram afetados.

As entregas de alguns modelos de iPhone 12 foram limitadas por falta de componentes, segundo a agência Bloomberg.

O déficit de alguns microchips foi o motivo alegado para explicar as dificuldades de conseguir o novo PlayStation 5 da Sony e o mais recente modelo Xbox da Microsoft.

Vários fabricantes de semicondutores, como o grupo americano Qualcomm e sua rival AMD, alertam para uma crise crescente. A rede de abastecimento de microchips é complexa.

Os gigantes americanos, que fornecem aos fabricantes de eletrônicos de consumo, projetam os componentes, mas em sua maioria não os fabricam. São terceirizadas asiáticas, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) ou a sul-coreana Samsung, que administram a maioria das linhas de produção.

Lançamento do 5G

Os fabricantes também têm dificuldades para responder a demanda de diferentes setores, pois uma mudança no modo de produção pode levar meses.

Taiwan, que abriga algumas das fundições de microprocessadores mais modernas, se viu pressionada pelos fabricantes de automóveis e os governos. A ilha se comprometeu no mês passado a reforçar sua produção de semicondutores para os fabricantes, enquanto a TSMC afirmou que os automóveis eram "sua máxima prioridade", destacando, no entanto, que suas fábricas já estavam operando em plena capacidade.

O lançamento do 5G agravou ainda mais a situação, com uma grande necessidade de microchips para uma nova geração de de celulares, infraestrutura sem fio e outros equipamentos, ressalta a GlobalFoundries, fabricante de semicondutores com sede nos Estados Unidos e fábricas em Singapura.

Washington, que acusa a Huawei - sem divulgar provas - de roubar segredos comerciais americanos, bloqueia o abastecimento da gigante chinesa de microprocessadores projetados com base em tecnologia dos Estados Unidos.

A falta de semicondutores poderia atrasar a produção de quase um milhão de veículos no primeiro trimestre deste ano, segundo o IHS Markit. Os analistas, no entanto, consideram que ainda é muito cedo para medir o impacto em outros setores.

O déficit deve diminuir no decorrer do ano graças às campanhas de vacinação que permitirão às fábricas retomar o regime de produção normal e também se espera que novas fábricas sejam inauguradas.