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China faz história e se torna 3º país a conseguir pousar robô em Marte

Ilustração do módulo de pouso chinês Tianwen-1 - Divulgação/CNSA
Ilustração do módulo de pouso chinês Tianwen-1 Imagem: Divulgação/CNSA

Em Pequim

15/05/2021 12h10Atualizada em 15/05/2021 12h41

A China conseguiu, neste sábado (15), pousar com sucesso seu robô "Zhurong", que é controlado remotamente, na superfície de Marte, um evento sem precedentes para o país asiático e que reflete suas aspirações espaciais cada vez mais ambiciosas. O feito chinês é histórico, pois até o momento apenas EUA e a ex-União Soviética conseguiram pousar robôs funcionais no planeta vermelho.

Os chineses lançaram sua missão não tripulada "Tianwen-1" da Terra no final de julho de 2020, em homenagem à sonda enviada ao espaço.

Ela é composta por três elementos: uma sonda orbital (que gira em torno do astro), uma sonda (que pousou em Marte) e o robô teleguiado "Zhurong" a bordo.

"O módulo de pouso Tianwen-1 pousou com sucesso na zona definida" em Marte com o robô "Zhurong" a bordo, informou a rede estatal CCTV, que transmitiu um programa especial intitulado "Nihao Huoxing" (Olá, Marte), e informou que recebeu um "sinal" na Terra.

A descida culminou às 7h18 (20h18 de sexta-feira no horário de Brasília) em uma área do planeta vermelho chamada "Utopia Planitia", uma vasta planície localizada no hemisfério norte de Marte, segundo a Agência Espacial Chinesa (CNSA).

O pouso no planeta vermelho é particularmente difícil e muitas missões europeias, soviéticas e americanas falharam no passado. Em muitas casos, houve êxito ao pousar em Marte, mas não houve comunicação de volta com a Terra.

A China já havia tentado enviar uma sonda a Marte em 2011, em uma missão conjunta com a Rússia, mas a tentativa fracassou e Pequim decidiu seguir a aventura sozinha.

Esta é a primeira tentativa independente e ambiciosa para os chineses, que esperam fazer tudo que os americanos fizeram em várias missões marcianas desde os anos 1960.

Em fevereiro, a China conseguiu colocar a sonda "Tianwen-1" na órbita marciana e tirar fotos do planeta vermelho.

Neste sábado, conseguiu pousar o módulo de pouso em Marte, o que permitirá a saída do robô teleguiado "Zhurong".

A realização dessas três operações em uma primeira missão a Marte é inédito.

Descida perigosa

A chegada a Marte foi um momento crítico.

Uma vez na atmosfera do planeta vermelho, a sonda "Tianwen-1" liberou um paraquedas para efetuar uma descida perigosa de vários minutos, explicou a agência espacial.

O módulo foi então estabilizado 100 metros acima da superfície, para identificar obstáculos, antes de finalmente pousar.

Dada a distância da Terra, "Tianwen-1" teve que "pousar por conta própria" sem ajuda externa, explicou Chen Lan, analista do site GoTaikonauts.com, especializado no programa espacial chinês.

O planeta vermelho está localizado a cerca de 200 milhões de quilômetros da Terra, segundo a imprensa chinesa, e um sinal leva "18 minutos" para chegar. Portanto, "em caso de problemas, ninguém na Terra poderia ajudá-lo", disse Chen à AFP.

Horas depois, o robô "enviou" uma mensagem para seus "amigos da Terra" por meio da rede social chinesa Weibo.

"Ainda estou dentro do módulo de pouso", explicou ele. "Estou impaciente para saber o que há em Marte."

Pesando mais de 200 kg, "Zhurong" está equipado com quatro painéis solares para o fornecimento de energia elétrica e pretende estar operacional por três meses.

Zhurong - Divulgação/CNSA - Divulgação/CNSA
Zhurong, a sonda chinesa a caminho de Marte
Imagem: Divulgação/CNSA

Também está equipado com câmeras, um radar e um laser que lhe permitirá estudar o ambiente e analisar a composição das rochas marcianas.

A missão a Marte também procurará possíveis sinais de vida passada.

Chega ao planeta vermelho poucos meses depois de Perseverance, o rover da NASA, a agência especial dos Estados Unidos, que pousou em Marte em 18 de fevereiro com a missão de procurar evidências de vida passada.

O nome "Zhurong" foi escolhido após uma pesquisa online e refere-se ao Deus do Fogo na mitologia chinesa. Um simbolismo justificado pelo nome chinês de Marte: "huoxing", literalmente, "o planeta do fogo".

Ambições espaciais

A China investiu bilhões de dólares em seu programa espacial para tentar recuperar o atraso em relação à Europa, Rússia e Estados Unidos.

Em 2003, enviou seu primeiro astronauta ao espaço e lançou satélites para si e para terceiros.

Em 2019, pousou um veículo no lado oculto da Lua, outro feito inédito mundial. No ano passado, trouxe amostras da Lua para a Terra.

O gigante asiático planeja estabelecer uma grande estação espacial até 2022 e espera enviar pessoas à Lua em uma dúzia de anos. O primeiro dos três módulos da estação espacial foi lançado no final de abril.

Para completar a construção, a China planeja lançar uma dúzia de missões, algumas delas tripuladas.

A missão "Tianwen-1" enviou sua primeira imagem de Marte em fevereiro: uma foto em preto e branco mostrando relevos como a cratera Schiaparelli e o sistema de cânions de Valles Marineris.