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Outro ex-funcionário diz que Facebook coloca lucro acima de moderação

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Imagem: Reprodução

Em San Francisco

23/10/2021 11h20

Um novo denunciante acusa o Facebook de pôr o lucro acima da moderação de conteúdo problemático, segundo o Washington Post, enquanto a gigante das redes sociais luta para se livrar do escândalo causado pelas revelações de sua ex-funcionária Frances Haugen.

Segundo um artigo publicado no jornal americano nesta sexta-feira (22), este segundo denunciante foi membro da equipe do Facebook encarregada da integridade física da plataforma e fez uma declaração sob juramento na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC).

Neste documento, o ex-funcionário da empresa relata em particular comentários feitos em 2017, quando a companhia estava decidindo sobre a melhor forma de gerenciar a polêmica ligada à ingerência da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016 através da sua plataforma.

"Vai ser fogo de palha. Alguns legisladores vão ficar irritados. E então, em algumas semanas, eles vão se ocupar de outra coisa. Enquanto isso, estaremos imprimindo dinheiro no porão e vai ficar tudo bem", teria dito Tucker Bounds, membro da equipe de comunicações do Facebook, segundo o Post.

O segundo denunciante, ainda anônimo, assinou sua declaração em 13 de outubro, uma semana depois do testemunho contundente de Frances Haugen no Congresso dos Estados Unidos.

Esta ex-engenheira informática do Facebook, chamada de "heroína" por um senador democrata, reiterou que os chefes do grupo californiano, com Mark Zuckerberg à frente, "financiam seus lucros com a nossa segurança".

Anteriormente, ela tinha vazado ao Wall Street Journal documentos internos que lançavam nova luz sobre abusos conhecidos das redes sociais, como os problemas psicológicos de adolescentes superexpostas às vidas e aos corpos aparentemente "perfeitos" de influenciadoras no Instagram.

Segundo o Washington Post, a declaração desta nova pessoa na SEC assegura que os administradores do Facebook minaram regularmente os esforços no combate à desinformação, ao discurso de ódio e outros conteúdos problemáticos por medo de irritar o ex-presidente Donald Trump e seus aliados políticos e para não correr o risco de perder atenção dos usuários, fundamental para seus lucros elevados.

Consultada pela AFP, Erin McPike, porta-voz do Facebook, destacou que o artigo estava "abaixo dos padrões do Washington Post, que durante os últimos cinco anos só escreveu depois de investigar os méritos e encontrar múltiplas fontes".

A companhia californiana leva anos sendo alvo de uma polêmica atrás da outra, de sua moderação de conteúdo, especialmente no período eleitoral, à sua estratégia econômica, que muitos consideram que infringe as normas de concorrência.