ONGs denunciam restrições de acesso à COP26

Glasgow, 3 Nov 2021 (AFP) - Várias ONGs denunciaram, nesta quarta-feira (3), as restrições de acesso impostas pelos organizadores da conferência sobre o clima COP26 em Glasgow, onde milhares de especialistas não puderam assistir às negociações, uma situação que denunciam como uma ameaça que pode prejudicar a credibilidade da conferência.

De acordo com as normas da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, as organizações da sociedade civil podem assistir a essas reuniões globais sobre o clima como observadores, inclusive dentro das salas de negociação, para permitir a transparência do processo.

Seu papel é primordial, principalmente para os países do Sul, depois de décadas de promessas não cumpridas.

Segundo Teresa Anderson, responsável da ActionAid International, só quatro representantes de milhares de ONGs credenciadas para a COP26 foram autorizados a comparecer nas negociações.

"Impedir que a sociedade civil vigie os governos e faça com que prestem contas pode ter um impacto real nas comunidades que estão na linha de frente da crise climática e que estão sofrendo", destacou.

A COP26 foi adiada por um ano por causa da pandemia e está marcada pelas normas relacionadas à covid-19, enquanto os países do Sul ainda não possuem um amplo acesso às vacinas contra o coronavírus.

O Reino Unido, anfitrião da conferência, propôs vacinas aos delegados, mas alguns deles não puderam arcar com os custos dos hotéis em que deveriam passar a quarentena.

O presidente da COP26, Alok Sharma, reiterou várias vezes seu desejo de uma conferência "mais inclusiva". No entanto, a realidade vivida por milhares de especialistas, dos quais alguns viajaram só para acabar assistindo a reuniões e coletivas de imprensa online, é diferente.

"É um desastre que a sociedade civil não possa acessar reuniões cruciais e que muitos de seus representantes sequer possam entrar no site da COP", denunciou à AFP Mohamed Adow, do 'think tank' Power Shift Africa.

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