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Carne vegetal e ciberataques: quais as tendências tecnológicas para 2022

Demanda por produtos vegetais cresce - empresas como a Beyond Meat tentam reproduzir a textura e o sabor das carnes bovina e suína - Divulgação
Demanda por produtos vegetais cresce - empresas como a Beyond Meat tentam reproduzir a textura e o sabor das carnes bovina e suína Imagem: Divulgação

Em Washington

07/12/2021 13h03

O mundo da tecnologia oferece muitas promessas para 2022: a Waymo (Google) continuará testando seus veículos sem motorista em várias cidades dos Estados Unidos, e o Facebook - agora Meta - avançará na construção do metaverso, um universo paralelo de realidade virtual.

Confira a seguir uma seleção de como a tecnologia poderá mudar a forma de viver no próximo ano.

Carne vegetal

As alternativas à carne se tornaram comuns em muitos lares dos Estados Unidos, graças, em parte, aos produtos vegetais da Beyond Meat e da Impossible Food, que tentam reproduzir a textura e o sabor das carnes bovina e suína.

À medida que estes produtos melhoram e seus preços caem, a demanda aumenta devido às preocupações ambientais: a criação de animais para a alimentação é responsável por 14,5% das emissões de gases de efeito estufa, vinculadas à atividade humana, segundo dados da ONU.

Espera-se que o mercado global de carne vegetal alcance o valor de 35 bilhões de dólares em 2027, frente aos 13,5 bilhões de dólares em 2020, graças, em parte, à expansão para além dos Estados Unidos, segundo um relatório da Research and Markets.

"O ano de 2022 será culminante para os alimentos elaborados a partir de proteínas de origem vegetal", disse David Bchiri, presidente da consultoria americana Fabernovel. "Os produtos são bons e estão maduros. Vão virar algo comum".

Descentralização da web

A primeira fase da Internet viu a criação de sites e blogs, o que permitiu o surgimento de empresas como Yahoo!, eBay e Amazon.

Depois, veio a chamada Web 2.0, caracterizada pelas redes sociais e o conteúdo gerado pelo usuário em plataformas como Facebook e YouTube.

Estas plataformas "obtêm dinheiro (com a publicidade) e o controlam", resumiu Benedict Evans, analista independente especializado no Vale do Silício.

No caso de se chegar a Web 3.0, "os usuários, criadores e desenvolvedores teriam participações e voto... Talvez optem por mudar" a plataforma da mesma forma que funciona uma cooperativa, disse Evans em um podcast.

Um avanço revolucionário deste tipo seria possível graças à tecnologia blockchain, em que os programas de computador são executados em redes de milhares ou milhões de computadores.

Até agora, o blockchain permitiu o surgimento de criptomoedas como o bitcoin e, mais recentemente, objetos digitais únicos como desenhos ou animações denominados NFT (token não fungível).

"Falamos muito de finanças descentralizadas, mas acho que em 2022 veremos casos de uso mais localizados, que vão entrar no cotidiano", disse Bchiri.

Visto que o dinheiro digital altamente volátil, como o bitcoin, alcançou valores recorde em 2021, todo tipo de pessoa entrou no jogo, incluindo versões lançadas em Miami e em Nova York.

Miami arrecadou mais de 20 milhões de dólares através de sua criptomoeda, criada em colaboração com a CityCoins, um protocolo de código aberto concebido especificamente para municípios que buscam formas alternativas de arrecadar fundos. Nova York se lançou em uma aventura similar no começo de novembro.

Mas estas tecnologias têm um impacto ambiental significativo, devido às necessidades maciças de eletricidade das redes de computadores e dos centros de dados, os elos da cadeia de blocos.

Ransomware por toda parte

É provável que o recorde de ataques de ransomware e vazamentos em 2021 se estenda a 2022.

A extorsão cibernética invade a rede da vítima, criptografa seus dados e, para descriptografá-los, exige um resgate que normalmente é pago em criptomoedas.

Vários fatores alimentam a tendência, incluindo o auge das criptomoedas, a disposição das vítimas em pagar e as dificuldades das autoridades em pegar os autores dos ataques.

A companhia de cibersegurança SonicWall escreveu no fim de outubro: "com 495 milhões de ataques de ransomware registrados pela companhia até agora este ano, 2021 será o ano mais custoso e perigoso já registrado".

"Quando penso em 2022, o mais importante para mim e meus colegas continua sendo o ransomware. É simplesmente lucrativo demais", escreveu Sandra Joyce, vice-presidente executiva e chefe de inteligência global da empresa de cibersegurança Mandiant.

Regulação das 'Big Tech'?

É difícil dizer se 2022 será o ano em que as grandes companhias tecnológicas serão afetadas por novas regras, mas uma série de ameaças regulatórias e legais, lançadas em 2021, provocarão grandes batalhas.

A ação antimonopólio da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos contra o Facebook representa uma ameaça genuína para a gigante das redes sociais, embora um tribunal já tenha indeferido o caso uma vez.

É possível que ocorram novas ações e uma investigação federal, talvez inclusive sejam aprovadas novas leis, devido aos vazamentos comprometedores de documentos que revelam que os executivos do Facebook sabiam que suas plataformas podiam causar danos.

Alguns críticos dizem que o maior impulso dado pela empresa ao projeto do metaverso tenta mudar o foco após anos de críticas.

A Apple, por sua vez, conseguiu se salvar 2021 quando um tribunal federal dos Estados Unidos decidiu que a Epic Games, fabricante do Fornite, não conseguiu demonstrar que a criadora do iPhone tinha um monopólio ilegal, embora tenha ordenado à empresa da maçã afrouxar o controle sobre sua loja de aplicativos, a App Store. As duas partes apelaram.

Novas regulamentações podem vir antes na União Europeia, à medida que o bloco impulsiona novas normas, como a Lei de Serviços Digitais, que criaria uma supervisão muito mais estrita sobre o conteúdo nocivo ou ilegal em plataformas como o Facebook.