Bilionário japonês retorna à Terra após 12 dias na Estação Espacial Internacional
Um bilionário japonês e seu assistente retornaram nesta segunda-feira (20) à Terra, acompanhados por um cosmonauta russo, depois de uma estadia de 12 dias na Estação Espacial Internacional (ISS), onde filmaram vídeos de sua experiência.
O magnata da moda Yusaku Maezawa, 46 anos, e o assistente Yozo Hirano pousaram no Cazaquistão ao lado do cosmonauta russo Alexander Misurkin, anunciou a Roscomos (Agência Espacial da Rússia).
"O voo da nave espacial 'turística' Soyuz MS-20 foi concluído", afirmou a Roscosmos em um comunicado.
Imagens exibidas a partir do local de pouso, 150 quilômetros ao sudeste da cidade de Zhezkazgan, no centro do Cazaquistão, mostraram os três sorridentes depois que foram ajudados a sair da sonda Soyuz.
De acordo com a assessoria de imprensa do distrito militar central, eles foram recebidos na chegada com um prato "surpresa" de macarrão japonês.
A viagem marcou o retorno da Rússia ao turismo espacial após uma pausa de uma década. O setor, no qual o país perdeu terreno para empresas privadas americanas, incluindo a SpaceX do bilionário Elon Musk, passa por um grande aumento de interesse e representa uma fonte de recursos financeiros.
O trio passou 12 dias a bordo da ISS, período para o qual o bilionário japonês estabeleceu uma agenda carregada com uma lista de 100 tarefas a cumprir no espaço.
O assistente de Maezawa filmou vídeos sobra a vida cotidiana em órbita para publicar na página do YouTube de seu patrão.
Nos vídeos, o empresário explica a um milhão de seguidores como escovar os dentes ou inclusive ir ao banheiro em gravidade zero.
"Fazer xixi é muito fácil", afirmou em um dos vídeos, mostrando o aparelho usado pelos astronautas, que suga a urina. Em outro, ele preparou um chá sem açúcar e elogiou o sabor dos biscoitos da ISS.
Roscosmos de volta à disputa
Maezawa e seu assistente foram os primeiros turistas japoneses a viajar ao espaço desde 1990, quando um jornalista visitou a estação Mir soviética.
O setor, altamente lucrativo, dos voos espaciais privados virou objeto de disputa com a recente entrada na corrida das empresas dos bilionários americanos Elon Musk (SpaceX) e Jeff Bezos (Blue Origin), ou do britânico Richard Branson (Virgin Galactic).
Em setembro, a SpaceX organizou um voo de três dias em órbita com uma tripulação composta por não-astronautas. Também pretende transportar turistas em uma volta ao redor da Lua em 2023, incluindo Maezawa, que financia a operação.
A viagem que terminou nesta segunda-feira marca o retorno, após mais de uma década, da Roscosmos à disputa, no momento em que a indústria aeroespacial russa enfrenta escândalos de corrupção e dificuldades, tanto técnicas como financeiras.
Em 2020, com o início da operação das cápsulas da SpaceX, a Rússia perdeu o monopólio de voos tripulados para a ISS e as dezenas de milhões de dólares que a Nasa e outras agências pagavam por cada vaga a bordo de um Soyuz.
A missão dos turistas japoneses foi organizada pela Roscosmos em colaboração com a empresa americana Space Adventures.
Entre 2001 2009, as duas empresas enviaram empresários ao espaço em oito ocasiões.
O anterior havia sido, em 2009, o canadense Guy Laliberté, fundador do popular 'Cirque du Soleil'.
Sinal da ambição do setor espacial russo por renovação, a Roscosmos enviou em outubro um diretor e uma atriz à ISS para rodar o primeiro longa-metragem em órbita da história, antes de um projeto similar previsto pelo ator americano Tom Cruise.
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