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Otan assinará acordo de cooperação cibernética com Ucrânia após ataque

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Imagem: rawpixel.com/ Freepik

De Kiev

15/01/2022 14h30

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciou nesta sexta-feira (14) que assinará um acordo de cooperação cibernética com a Ucrânia, depois que um ataque deixou vários sites do governo fora de serviço, em um contexto de alta tensão entre Kiev e Moscou.

"Nos próximos dias, a Otan e Ucrânia assinarão um acordo sobre cooperação cibernética, incluindo o acesso da Ucrânia à plataforma de troca de informações sobre malware da Otan", expressou Stoltenberg em um breve comunicado.

O anúncio veio no mesmo dia em que um alto funcionário dos Estados Unidos acusou a Rússia de ter mobilizado agentes na Ucrânia para realizar uma operação de sabotagem que poderia servir de "pretexto para uma invasão".

O governo russo rejeitou as acusações e as declarou infundadas. "Não há nada que as confirme", reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência TASS.

A União Europeia também prometeu mobilizar "todos os recursos" para ajudar seu aliado depois que o ataque afetou o funcionamento dos sites de vários ministérios. Entre os afetados, estão o das Relações Exteriores e o das Situações de Emergência.

As autoridades ucranianas afirmam que não houve grandes danos, que os serviços foram restabelecidos e que a autoria do ataque não foi reivindicada até o momento.

Kiev não acusou ninguém, embora seus aliados ocidentais costumem acusar Moscou de promover ataques cibernéticos contra seus sites e infraestruturas, o que a Rússia nega.

O porta-voz da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou nesta sexta-feira prematuro "apontar o dedo a alguém", mas acrescentou que imagina quem está por trás do ataque.

Segundo o chefe do gabinete presidencial, Andriy Yermak, trata-se de um complô para "desestabilizar a situação na Ucrânia".

'Ataque massivo'

O porta-voz da diplomacia ucraniana chamou o ataque cibernético de "massivo". Antes do bloqueio ao site da chancelaria, os invasores postaram uma mensagem ameaçadora em ucraniano, russo e polonês.

"Ucranianos, tenham medo e se preparem para o pior. Todos os seus dados pessoais foram tornados públicos", dizia a mensagem, acompanhada de vários logotipos, incluindo uma bandeira ucraniana riscada, relatou um correspondente da AFP.

As autoridades ucranianas disseram, porém, que não houve vazamento de qualquer dado pessoal.

Este ataque cibernético acontece em um contexto de crescentes tensões entre Ucrânia e Rússia, a quem Kiev e seus aliados acusam de planejar uma nova invasão do território ucraniano.

Nos últimos anos, a Ucrânia foi alvo de uma série de ataques cibernéticos atribuídos à Rússia, como um lançado em 2017 contra várias infraestruturas críticas, e outro em 2015, contra sua rede elétrica.

Exercícios militares

Os países ocidentais acusam a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de 100.000 soldados para a fronteira leste da Ucrânia nas últimas semanas. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vê este deslocamento como preparação para uma invasão militar.

A embaixadora dos Estados Unidos na Otan, Julianne Smith, disse à imprensa em Bruxelas que todos entendem que "há uma série de cenários que poderiam se desenvolver em relação ao que está acontecendo entre Rússia e Ucrânia".

"E um deles é um ataque militar convencional em grande escala. Há outros níveis e teremos que ver o que descobrimos hoje", acrescentou.

Moscou rejeitou as acusações e garantiu que não tem planos de invadir a Ucrânia.

Esta semana foram realizadas várias reuniões entre autoridades russas e ocidentais para tentar resolver a crise com a Ucrânia. Sem sucesso.

Moscou voltou a assegurar que não tem a "intenção" de invadir o território vizinho e encerrou as discussões. Na saída, os russos disseram não ver razões para retomar o diálogo rapidamente.

Neste contexto, o Ministério russo da Defesa publicou, nesta sexta, imagens de exercícios militares com 2.500 soldados e uma centena de tanques a cerca de 50 km da fronteira ucraniana.

No entanto, nesta sexta-feira o presidente ucraniano Volodimir Zelenski propôs uma reunião, provavelmente virtual, com seus homólogos dos Estados Unidos e da Rússia para frear a crise, segundo um de seus assessores.

A Rússia invadiu e anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014, depois que uma revolução pró-ocidental eclodiu na antiga república soviética.

Moscou também apoia militar e financeiramente os separatistas pró-russos em guerra com as autoridades ucranianas no leste do país, um conflito que já deixou mais de 13.000 mortos.