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Subsídios anuais de US$ 1,8 trilhão contribuem para destruir o planeta, diz estudo

17/02/2022 10h16

Londres, 17 Fev 2022 (AFP) - "Pelo menos 1,8 trilhão de dólares" em subsídios públicos - o que equivale a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial - é anualmente responsável pela destruição de ecossistemas e pela extinção de espécies - alerta um estudo divulgado nesta quinta-feira (17) por empresas e ONGs que pedem um melhor direcionamento destes recursos.

Os resultados do estudo foram publicados pela B Team, organização fundada pelo CEO do Virgin Group, Richard Branson, que reúne líderes empresariais e fundações internacionais, e pela Business for Nature, uma coalizão global de empresas e ONGs.

"Os setores de combustíveis fósseis, agricultura e água recebem mais de 80% de todos os subsídios prejudiciais ao meio ambiente", destacam essas organizações em um comunicado, no qual pedem aos governos que "redirecionem, convertam, ou eliminem" tais ajudas públicas até 2030.

Entre os subsídios mencionados, estão os recursos destinados à pecuária e à produção de soja no Brasil, devido a seu papel no desmatamento, e os subsídios para biocombustíveis na Europa, que incentivam a expansão das terras cultiváveis em detrimento da biodiversidade.

Também são citados os auxílios públicos para irrigação na área de Palo Verde, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que estaria contribuindo para promover a seca, além de subsídios, especialmente no Irã, para eletricidade ou combustível para alimentar as bombas de água que esgotam o lençol freático em uma taxa muito rápida.

O estudo estima em US$ 640 bilhões por ano o dinheiro recebido pelo setor de combustíveis fósseis, o que contribui para a poluição da água e do ar e para o esgotamento do solo.

Os subsídios à agricultura representam, por sua vez, cerca de US$ 520 bilhões e estão ligados a problemas de erosão do solo, poluição da água e desmatamento.

Segundo os autores, US$ 155 bilhões por ano promovem o manejo florestal insustentável.

"A natureza está se deteriorando em um ritmo alarmante, e nunca vivemos em um planeta com tão pouca biodiversidade", denuncia a costarriquenha Christiana Figueres, ex-secretária-geral da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) e membro da Team B.

Ao mesmo tempo, o estudo também observa que um melhor direcionamento dos subsídios pode ajudar a interromper e até a reverter essas perdas naturais até 2030, beneficiando as empresas, pois "mais da metade do PIB global (...) depende da natureza" em diferentes graus.

Este chamado surge a poucas semanas da próxima sessão da COP15, a convenção da ONU sobre biodiversidade, de 13 a 19 de março. O evento deveria ter sido realizado em janeiro passado, em Genebra, mas foi adiada, devido ao avanço da variante ômicron do coronavírus.

No entanto, "qualquer reforma dos subsídios deve levar em conta o impacto social e ambiental, para evitar afetar as famílias mais pobres e as comunidades mais vulneráveis em todo mundo", enfatizam as organizações Team B e Business for Nature.

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