Mudança climática também atingiu o longo verão de Netuno
Paris, 11 Abr 2022 (AFP) - O planeta Netuno é lendário entre os astrônomos por causa de suas estações, que duram 40 anos. O que os cientistas não esperavam é que seu verão mostrasse sinais de resfriamento.
O verão no sul do planeta começou há 17 anos, e dados publicados nesta segunda-feira (11) confirmam que as temperaturas esfriaram.
"Essa mudança foi inesperada", explicou Michael Roman, astrônomo da universidade britânica de Leicester, responsável pelo estudo e citado em um comunicado do Observatório Europeu Austral (ESO).
Os cientistas sabem relativamente pouco sobre Netuno, o oitavo planeta do sistema solar.
É o planeta mais distante do Sol, o que faz com que sua órbita anual dure o equivalente a 165 anos terrestres.
Os telescópios de gerações anteriores não conseguiam extrair a luz pálida desse objeto estelar totalmente azulado, envolto em uma espessa camada de amônia, água gelada e metano em estado sólido.
A sonda Voyager 2 conseguiu em 1989 enviar as primeiras imagens nítidas de Netuno. E agora é permanentemente vigiado pelo telescópio espacial Hubble e pelo Grande Telescópio ESO no Chile.
A atmosfera de Netuno é muito dinâmica, lembra o estudo, publicado pelo Planetary Science Journal.
Os ventos são os mais violentos conhecidos no sistema solar: mais de 2.000 km/h.
Os dados indicavam que normalmente, com a chegada do verão austral em 2005, o planeta começaria a aquecer, explicou Michael Roman.
Mas a temperatura na parte sul do planeta caiu em média 8 graus Celsius entre 2003 e 2018. A temperatura média do planeta é de -200 graus Celsius, o que dificulta as medições.
Somente graças à sensibilidade das imagens infravermelhas de grandes telescópios é possível observar Netuno com clareza, explicou Leigh Fletcher, coautor do estudo e astrônomo da universidade de Leicester.
"Esta tecnologia só está disponível há vinte anos", apontou.
As observações também detectaram outro fenômeno, o aquecimento repentino do polo sul de Netuno, de cerca de 11 graus Celsius entre 2018 e 2020.
Não há uma explicação clara para esses fenômenos, que podem ser devidos a uma evolução da química na estratosfera ou a ciclos solares.
O impacto das variações solares também é discutido entre os especialistas para explicar as mudanças climáticas na Terra.
pcl/juc/cel/rhl/jz//mreg
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