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Como EUA, Canadá proíbe gigantes chinesas Huawei e ZTE em suas redes 5G

Loja da Huawei em Pequim, na China - Fred Dufour/Reuters
Loja da Huawei em Pequim, na China Imagem: Fred Dufour/Reuters

Em Ottawa (Canadá)

20/05/2022 08h30

O Canadá anunciou nesta quinta-feira (19) que vai proibir a instalação de redes 5G das gigantes de telecomunicações chinesas Huawei e ZTE, devido a preocupações de segurança nacional.

A medida tão esperada segue movimentos semelhantes realizados por Estados Unidos e outros aliados-chaves, e chega após uma disputa diplomática entre Ottawa e Pequim em torno da prisão, em 2018, da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou.

Meng Wanzhou, diretora de finanças da Huawei, saindo de sua casa em Vancouver, no Canadá. - Lindsey Wasson/Reuters - Lindsey Wasson/Reuters
Meng Wanzhou, diretora de finanças da Huawei, saindo de sua casa em Vancouver, no Canadá.
Imagem: Lindsey Wasson/Reuters

Washington advertiu sobre as implicações de segurança de oferecer acesso à empresa chinesa de infraestruturas-chave de telecomunicações que poderiam ser usadas para espionagem.

Por outro lado, tanto a Huawei como Pequim rechaçaram essas alegações e o governo chinês advertiu, ainda, para repercussões ao fornecedor de serviços de telecomunicações.

O ministro da Indústria canadense, Francois-Philippe Champagne, e o da Segurança Pública, Marco Mendicino, fizeram o anúncio em uma coletiva de imprensa.

"Hoje anunciamos nossa intenção de proibir a inclusão de produtos e serviços de Huawei e ZTE nos sistemas de telecomunicações do Canadá", disse Champagne.

"As empresas de telecomunicações no Canadá não poderão incluir em suas redes produtos ou serviços que coloquem em risco a nossa segurança nacional", acrescentou.

"Aqueles provedores que já tenham instalado este equipamento estarão obrigados a deixar de utilizá-lo e retirá-lo", assinalou.

O Canadá analisou o assunto durante vários anos, atrasando repetidamente uma decisão que era esperada pela primeira vez em 2019.

O governo canadense manteve silêncio sobre o tema depois que a China deteve dois canadenses, o diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor, um episódio que observadores consideraram uma represália pela prisão da executiva Meng Wangzhou em dezembro de 2018 a pedido dos Estados Unidos.

Os três foram libertados em setembro de 2021 depois que Meng chegou a um acordo com os promotores americanos sobre as acusações de fraude, colocando fim à sua luta pela extradição.

Atualmente, a Huawei é provedora de algumas companhias de telecomunicações canadenses com equipamentos 4G.

A maioria, senão todas, se abstiveram de usar os serviços da Huawei em suas redes sem fio de quinta geração (5G) ou buscaram outros provedores, enquanto aguardavam a decisão de Ottawa.

Mendicino disse que a inovação "representa uma grande oportunidade para a concorrência e o crescimento", mas "também traz riscos".

Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Nova Zelândia, Japão e Suécia já tinham bloqueado ou restringido o uso de tecnologia da Huawei em suas redes 5G.

"Há muitos atores hostis que estão prontos para explorar vulnerabilidades" nas redes de telecomunicações, acrescentou.

O governo americano considera a Huawei uma ameaça potencial de segurança devido à trajetória de seu diretor-executivo, Ren Zhengfei, um ex-engenheiro do exército chinês e pai de Meng.

As preocupações aumentam em um momento em que a Huawei busca se tornar líder mundial em equipamentos de telecomunicações e uma das principais fabricantes de smartphones, e também a partir de uma lei de 2017 que obriga as empresas chinesas a colaborarem com o governo em temas de segurança nacional.

As duas agências nacionais de espionagem de Canadá se dividiam na opinião sobre a Huawei, uma favorecendo o veto das redes 5G, enquanto a outra assegurava que o risco podia ser mitigado.

O Serviço de Inteligência e Segurança do Canadá e o de Segurança em Comunicações tiveram a tarefa de avaliar os riscos e os custos para as telecomunicações do país e para os usuários de excluir a Huawei.

A companhia chinesa já tinha sido vetada de participar de licitações e contratos oficiais, bem como de fornecer equipamentos-chave de redes como roteadores e centrais telefônicas.