Matemática ucraniana é a segunda mulher a receber a Medalha Fields
Helsinque, Finlândia, 5 Jul 2022 (AFP) - Quatro matemáticos receberam nesta terça-feira (5) em Helsinque com a Medalha Fields, incluindo a ucraniana Maryna Viazovska, a segunda mulher a receber o prêmio de grande prestígio desde sua criação em 1936.
Os outros três vencedores do prêmio, considerado um equivalente ao "Nobel de Matemática", são o francês Hugo Duminil-Copin, o britânico James Maynard e o americano-sul-coreano June Huh.
A medalha de ouro, concedida a cada quatro anos e acompanhada por um cheque de 15.000 dólares canadenses (pouco mais de US$ 11.500), recompensa "feitos excepcionais" de matemáticos de menos de 40 anos.
O anúncio aconteceu em uma cerimônia na capital da Finlândia, Helsinque, durante o Congresso Internacional de Matemáticos.
A cerimônia estava prevista inicialmente para São Petersburgo, mas foi transferida para Helsinque devido à invasão da Ucrânia.
"A brutal guerra que a Rússia continua travando contra a Ucrânia não deixou outra alternativa", lamentou o presidente da União Internacional de Matemáticas (IMU), Carlos Kenig.
- "Minha vida mudou para sempre" -Maryna Viazovska é a segunda mulher a receber a medalha 80 anos.
Viazovska nasceu em 1984 na Ucrânia, quando o país ainda era parte da União Soviética.
Ela é professora na Escola Politécnica Federal de Lausanne, Suíça, desde 2017.
Com a invasão da Ucrânia em fevereiro, "minha vida mudou para sempre", disse Viazovska.
A ucraniana venceu o prêmio por ter solucionado uma versão de um problema geométrico centenário, no qual demonstrou o empacotamento mais denso de esferas idênticas em oito dimensões.
O "problema de empacotamento de esferas" remonta ao século XVI, quando foi apresentada a questão de como as balas de canhão deveriam ser empilhadas para obter a solução mais densa possível.
O júri tomou a decisão antes do início da guerra.
A primeira mulher a receber a Medalha Fields foi Maryam Mirzakhani em 2014, uma matemática iraniana que faleceu três anos depois de uma batalha contra o câncer.
Os trabalhos do francês Duminil-Copin, de 36 anos, se concentram na área matemática da física estatística. Ele é professor no 'Institut des Hautes Etudes Scientifiques', na região de Paris, e na Universidade de Genebra.
Ele foi premiado por ter solucionado "problemas de longa data na teoria probabilística das transições de fase", que, segundo o júri, abriu várias direções de pesquisa novas.
James Maynard, de 35 anos, é professor na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ele recebeu a medalha por suas "contribuições à teoria analítica dos números, que permitiram importantes avanços na compreensão da estrutura dos números primos e na aproximação diofantina".
June Huh, de 39 anos, professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, recebeu o prêmio por "transformar" o campo da combinatória geométrica, "utilizando métodos da teoria de Hodge, a geometria tropical e a teoria da singularidade", afirmou o júri.
A geometria tropical recebeu este nome em homenagem ao pioneiro da disciplina, o cientista da computação brasileiro Imre Simon, falecido em 2009.
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