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James Webb e Hubble mostram impacto 'muito maior que o esperado' com asteroide; veja vídeos

Nasa
Imagem: Nasa

29/09/2022 14h35Atualizada em 30/09/2022 12h30

Os telescópios espaciais James Webb e Hubble revelaram nesta quinta-feira (29) suas primeiras imagens oficiais do impacto da nave da missão Dart com o asteroide Dimorphos. Astrônomos indicam que o choque aparenta ter ser sido muito maior que o esperado.

Nesta segunda-feira, ambos os instrumentos — nossos dois olhos no espaço — estavam apontados em direção ao asteroide, para testemunhar a colisão. Foi um histórico teste de capacidade de autodefesa planetária, contra uma possível rocha espacial que ameace a Terra no futuro.

Também foi a primeira vez que o James Webb, com seus poderes infravermelhos, e o Hubble, na luz visível, observaram o mesmo corpo celeste simultaneamente.

Veja vídeos com imagens registradas por cada um deles:

O vídeo do James Webb é um timelapse, que cobre desde instantes antes do impacto até cerca de cinco horas depois. Já o do Hubble é um GIF, composto por três imagens.

Impacto preciso

Astrônomos se alegraram quando Dart (Double Asteroid Redirection Test), da Nasa, atingiu precisamente o asteroide, às 20h14 da segunda-feira. Do tamanho de um estádio e com o formato de uma bola de rugby, o alvo estava a 11 milhões de quilômetros da Terra.

Imagens registradas por telescópios terrestres já mostravam uma vasta nuvem de poeira expandindo para fora de Dimorphos, logo após o impacto da nave espacial.

Mas, enquanto estas fotos, de longe, mostravam matéria sendo espalhada por milhares de quilômetros, o James Webb e o Hubble "ampliam muito mais", disse Alan Fitzsimmons, um astrônomo da Queen's Universisty Belfast envolvido em observações com o projeto Atlas.

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Imagem: Hubble/James Webb/Nasa

Os telescópios espaciais podem oferecer uma visão "dentro de apenas alguns quilômetros dos asteroides, e você pode ver claramente como a matéria está voando para fora do impacto explosivo do Dart", Fitzsimmons contou à AFP.

"É realmente espetacular."

Outro registro, feito quatro horas após o evento, pela Near-Infrared Camera (NIRCam), instrumento infravermelho do James Webb, mostra "plumas de material aparecendo como mechas saindo do centro de onde o impacto aconteceu", de acordo com um comunicado conjunto da Agência Espacial Europeia.

As imagens do Hubble, feitas 22 minutos, 5 horas e 8,2 horas após o impacto, revelam o spray de matéria em expansão, a partir do ponto onde o Dart acertou o asteroide.

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Imagem: Nasa

'Preocupado que não sobrasse nada'

Ian Carnelli, da Agência Espacial Europeia (ESA), disse que as "verdadeiramente impressionantes" imagens do Webb e do Hubble foram notavelmente similares às tiradas pelo satélite LICIACube. Este instrumento viajou a bordo da nave Dart e se separou dela há duas semanas, para acompanhar a colisão a uma distância segura, de apenas 50 quilômetros.

As fotografias retratam um impacto aparentemente "muito maior que o esperado", conta Carnelli, diretor da missão Hera, da ESA, que pretende voltar ao local em quatro anos, para inspecionar os danos.

"Eu realmente fiquei preocupado que não restasse nada do Dimorphos" no início, admitiu o diretor à AFP.

A missão Hera, programada para ser lançada em outubro de 2024 e chegar no asteroide em 2026, espera encontrar e pesquisar uma cratera de impacto aproximadamente 10 metros de diâmetro.

Mas parece que ela será muito maior que o esperado. "Se houver uma cratera, talvez uma parte do Dimorphos tenha sido cortada."

A verdadeira medida do sucesso do Dart será o quanto exatamente ele conseguiu desviar a trajetória do asteroide. Se tudo correu como planejado, o mundo pode contar com uma técnica de autodefesa contra asteroides maiores, que podem vir na direção da Terra no futuro.

É provável que os telescópios e radares levem pelo menos uma semana para uma primeira estimativa de quanto a órbita de Dimorphos foi alterada. Para uma medição precisa, Carnelli diz que o prazo é de três ou quatro semanas.

'Grandes implicações'

"Estou esperando uma deflexão muito maior do que planejamos", confessa o diretori.

Segundo ele, isso teria "grandes implicações na defesa planetária, pois significa que esta técnica pode ser usada para asteroides muito maiores".

"Até hoje, pensávamos que a única técnica de deflexão seria enviar um dispositivo nuclear".

Fitzsimmons ressalta que, mesmo se nenhuma matéria tivesse sido "arremessada para fora" de Dimorphos, a nave Dart ainda teria afetado levemente sua órbita.

"Mas, quanto mais matéria expelida e quanto mais rápida estiver se movendo, maior será a deflexão", explica o astrônomo.

As observações dos telescópios vão ajudar a revelar quanto e com que rapidez a matéria saiu do asteroide, assim como a natureza de sua superfície.

Desde seu lançamento, em dezembro, e a divulgação de suas primeiras imagens, em julho, o James Webb desbancou o Hubble como telescópio espacial mais poderoso. Mas um não exclui o outro.

Fitzsimmons acredita que as imagens foram "uma bela demonstração de uma ciência complementar que você pode obter usando mais de um telescópio simultaneamente".

© Agence France-Presse