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Meteoroide deixou enorme cratera e desenterrou água em Marte; veja e ouça

Divulgação/Nasa
Imagem: Divulgação/Nasa

27/10/2022 23h22Atualizada em 28/10/2022 16h06

Cientistas da Nasa que estudam Marte tiveram uma grata surpresa, ao descobrirem o impacto de um meteoroide, que caiu no Planeta Vermelho na noite de natal de 2021.

O planeta tremeu tanto, que o evento foi detectado pelos sismômetros da sonda InSight — que estuda terremotos por lá há quatro anos. Inicialmente, não se sabia a origem do tremor, mas o mistério foi solucionado pelo Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), uma nave da Nasa que circula Marte desde 2006.

Menos de 24 horas depois, suas câmeras descobriram uma enorme cratera de impacto, a cerca de 3.500 km da InSight, recém-formada pela colisão da rocha espacial.

A imagem mostra blocos de gelo — água congelada que estava abaixo da superfície do planeta — que foram projetados e uma cratera de cerca de 150 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade, a maior já observada pelo MRO.

meteoroide marte - NASA/JPL-CALTECH - NASA/JPL-CALTECH
Meteoroide que atingiu Marte deixou uma cratera de cerca de 150 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade, projetando blocos de gelo de água para a superfície
Imagem: NASA/JPL-CALTECH

Os pesquisadores estimam que o meteoroide devia ter "apenas" 12 metros — na Terra, uma rocha deste tamanho teria se desintegrado na atmosfera e não causaria danos. "É simplesmente o maior impacto na superfície de Marte já ouvido desde que a ciência conta com sismógrafos ou sismômetros", explicou à AFP o professor de planetologia Philippe Lognonné, que participou de dois estudos resultantes dessas observações publicados nesta quinta-feira na revista "Science".

Entenda melhor neste vídeo:

O fenômeno foi registrado em 24 de dezembro de 2021, quando causou solavancos de magnitude 4 na superfície marciana. Embora os impactos de meteoroides não sejam raros em Marte, "nunca teríamos pensado em presenciar algo tão grande", disse nesta quinta-feira (27) em entrevista coletiva Ingrid Daubar, da equipe de missões da sonda Insight e da MRO

A Nasa também divulgou uma gravação de áudio do sismo, obtida por meio da aceleração das vibrações captadas pelo sismógrafo para torná-las audíveis. Ouça:

A presença de gelo, em particular, foi descrita como surpreendente por Ingrid Daubar. "É o ponto mais quente de Marte, o mais próximo do Equador, onde já foi visto gelo". Também é de interesse científico para o estudo do clima marciano, uma vez que a presença de gelo nessa latitude poderia ser muito útil para futuros exploradores, explicou Lori Glaze, diretora de ciências planetárias da Nasa.

As informações coletadas devem permitir refinar o conhecimento sobre o interior de Marte e a história da sua formação.

A sonda Insight já detectou no total mais de 1.300 tremores em Marte, alguns deles causados por meteoroides menores. Os dados coletados serão usados por cientistas de todo o mundo por muitos anos.

© Agence France-Presse

*Com informações de Marcella Duarte