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Corrida espacial armamentista: China é a maior ameaça, diz general dos EUA

24.jul.2022 - Cententas de pessoas observam o lançamento da segundo módulo da estação espacial Tiangong ("Palácio Celestial", na tradução do chinês) -  CNS/AFP
24.jul.2022 - Cententas de pessoas observam o lançamento da segundo módulo da estação espacial Tiangong ("Palácio Celestial", na tradução do chinês) Imagem: CNS/AFP

19/02/2023 14h45

O espaço "mudou radicalmente" em poucos anos devido à crescente corrida armamentista, disse o general americano Bradley Chance Saltzman, destacando que a China é a maior "ameaça", seguida pela Rússia.

"Estamos vendo que nossos concorrentes estratégicos estão fabricando uma grande variedade de armas", disse o comandante das operações espaciais dos Estados Unidos, em uma entrevista reduzida a alguns veículos de imprensa, incluindo a AFP.

"A ameaça mais desafiadora é a China, mas também a Rússia", analisou em uma discussão à margem da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.

O militar também abordou sobre tecnologias como os mísseis anti-satélites (ASAT), sistemas de armas de energia direcionada e dispositivos com capacidade de interceptação orbital.

"Temos que ter em mente que o espaço como domínio em disputa mudou radicalmente. A forma como operamos no espaço tem que mudar e isso se deve, sobretudo, às armas que (a China) e a Rússia testaram e, em alguns casos, colocaram em uso", explicou.

As falas de Saltzman ocorrem em um momento de escalada da tensão entre os EUA e a China, após as declarações de sábado (18), em Munique, entre o chefe diplomático americano, Anthony Blinken, e seu homólogo chinês, Wang Yi, sobre o balão chinês que sobrevoou o espaço aéreo do país norte-americano.

Blinken alertou Wang que tal ação "não deve acontecer novamente".

Já o diplomata chinês afirmou que a reação de Washington para derrubar o balão prejudicou as relações entre os dois países.

Pequim, por sua vez, afirma que o balão era um dispositivo de pesquisa meteorológica que desviou de seu curso.

Corrida armamentista espacial

A corrida armamentista no espaço não é novidade. Em 1985, o Pentágono usou um míssil para destruir um satélite em uma base de teste. Em 2017, foi a vez da China e, em 2019, da Índia.

Os países estão cada vez mais reservados sobre suas atividades militares no espaço, porém, em 2019, quando o Pentágono lançou sua Força Espacial, o Departamento de Defesa americano projetou que Rússia e China teriam potencial para ultrapassar os EUA.

Embora Saltzman negue que seu país tenha ficado para trás.

O espaço "vai ficar cada vez mais congestionado", diz ele.

A dinâmica evoluiu e a ideia não é mais destruir satélites com mísseis ou construir satélites autodestrutivos, mas sim encontrar formas de danificá-los com lasers ou micro-ondas potentes.

"O espaço é importante na guerra moderna (...) É possível atacar o espaço sem ir ao espaço, através de redes cibernéticas ou outros vetores. Temos que garantir que estamos defendendo todas essas capacidades", alertou.

A crescente atividade militar, combinada às operações comerciais, apresenta potenciais problemas de danos colaterais e destrutivos.

"Se conseguirmos operar com uma ideia clara de quais são os padrões, estaremos muito mais seguros", concluiu.

O general não dialogou com a China e a Rússia, disse sua equipe à AFP.