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Abismo digital atinge mais duramente mulheres jovens em países pobres, diz ONU

Getty Images
Imagem: Getty Images

27/04/2023 09h49Atualizada em 30/04/2023 14h04

Cerca de 90% das mulheres jovens e adolescentes nos países mais pobres do mundo não têm acesso à internet, destaca um relatório das Nações Unidas divulgado nesta quarta-feira (26).

A falta de acesso e a disparidade entre o número de meninos e meninas sem conexão representa um sério risco de que as mulheres fiquem economicamente para trás em um mundo cada vez mais conectado, indica o documento do Unicef.

As adolescentes e mulheres jovens estão sendo "excluídas quando se trata de habilidades digitais", enfatiza o documento. Um total de 78% dos jovens e adolescentes do sexo masculino, por sua vez, não estão conectados nos países mais pobres, aponta o Unicef, que analisou o uso de dados nos 54 países de renda mais baixa.

Estes dados se traduzem em cerca de 65 milhões de mulheres de 15 a 24 anos que não têm acesso à internet, enquanto os homens nas mesmas condições são 57 milhões.

"Eliminar o abismo digital entre meninos e meninas é mais do que apenas ter acesso à internet e tecnologia. É sobre empoderar as mulheres, para que se tornem inovadoras, criadoras e líderes", disse Robert Jenkins, diretor de Educação do Unicef.

"Se quisermos vencer as desigualdades de gênero no mercado de trabalho, principalmente em ciência, tecnologia, engenharia e áreas relacionadas à matemática, temos que começar agora, ajudando a juventude, principalmente as mulheres, a desenvolver habilidades digitais".

O relatório adverte que, mesmo nos casos em que as mulheres tiveram acesso igualitário a oportunidades educativas tradicionais, como matemática e leitura, "isto nem sempre se traduziu em habilidades digitais".

As disparidades no acesso à tecnologia persistem mesmo dentro dos lares. Em um estudo de 41 países, o Unicef identificou ser "muito mais provável que se dê um celular aos meninos do que às meninas". As mulheres jovens têm 13% menos chances de ter um celular, o que limita "a sua capacidade de participar do mundo digital".

© Agence France-Presse