De Mao a Marte: a trajetória da China para tentar conquistar o espaço
![Os taikonautas Gui Haichao (esq.), Zhu Yangzhu (centro) e Jing Haipeng (dir.) acenam para o público antes de embarcarem no foguete Long Marcha 2F, em direção à estação espacial Tiangong - Hector Retamal/AFP](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/62/2023/05/30/os-taikonautas-gui-haichao-esq-zhu-yangzhu-centro-e-jing-haipeng-dir-acenam-para-o-publico-antes-de-embarcarem-no-foguete-long-marcha-2f-em-direcao-a-estacao-espacial-tiangong-1685448567418_v2_900x506.jpg)
A China enviou nesta terça-feira (30) à estação espacial Tiangong uma missão com três 'taikonautas' - os astronautas do país -, que inclui pela primeira vez um civil, uma nova etapa na conquista do espaço iniciada há mais de 60 anos pelo presidente Mao Tsé-Tung.
Estas são as principais etapas da conquista espacial chinesa:
O chamado de Mao
Em 1957, a União Soviética coloca em órbita o primeiro satélite fabricado pelo homem, o Sputnik. O fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, faz então um chamado a seus cidadãos: "Nós também fabricaremos satélites!"
A primeira etapa foi concretizada em 1970. A China lança seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 ("O Leste é Vermelho-1"), o nome de uma canção em homenagem a Mao, cuja melodia seria difundida por vários dias no espaço.
O foguete responsável por colocar o satélite em órbita se chama "Longa Marcha", um nome que recorda a caminhada do Exército Vermelho que permitiu que Mao se afirmasse como líder do Partido Comunista chinês.
Primeiro homem
Em 2003, o gigante asiático envia o primeiro chinês ao espaço, o 'taikonauta' Yang Liwei, que dá 14 voltas na Terra em um período de 21 horas.
Com esse voo, a China se transforma no terceiro país, depois de União Soviética e Estados Unidos, a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios.
Módulos
Após um pedido do governo dos Estados Unidos, a China foi excluída deliberadamente do programa da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), uma cooperação que envolve americanos, russos, europeus, japoneses e canadenses. Com a medida, o país decide construir sua própria estação.
Para isso, o país asiático lança primeiro um pequeno módulo espacial, Tiangong-1 ("Palácio Celestial 1"), que foi colocado em órbita em setembro de 2011, para realizar o treinamento dos taikonautas e também experimentos médicos.
O Tiangong-1 deixa de funcionar em março de 2016. O laboratório era considerado uma etapa preliminar para a construção de uma estação espacial.
Em 2016, a China lança seu segundo módulo espacial, Tiangong-2, onde os taikonautas realizaram acoplamentos técnicos.
Coelho lunar
Em 2013, o pequeno robô "Coelho de Jade" chega à Lua. O aparelho enfrentou problemas técnicos, mas foi reativado e explorou a superfície lunar durante 31 meses.
O gigante asiático pretende enviar astronautas à Lua em 2030 e construir uma base, de acordo com Agência Espacial de Voos Tripulados da China.
Lua e 'GPS' chinês
O programa espacial chinês sofre um revés em 2017 com o fracasso do lançamento do Longa Marcha 5, um equipamento crucial que permite propulsar as pesadas cargas necessárias para algumas missões.
Este contratempo leva a um atraso de três anos para a missão Chang'e 5. Executada apenas em 2020, a missão permite que os chineses enviem para a Terra amostras da superfície lunar, algo que não acontecia há 40 anos.
Em janeiro de 2019, a China obtém outro sucesso com um feito inédito em escala mundial: a alunissagem de um robô, o "Coelho de Jade 2", na face oculta da Lua.
Em junho de 2020, o país asiático lança o último satélite para concluir seu sistema de navegação Beidou, que compete com o GPS norte-americano.
Objetivo Marte
Em julho de 2020, a China envia a Marte a sonda "Tianwen-1", que transportava um robô com rodas e comandado remotamente chamado Zhurong, que pousa na superfície de Marte em maio de 2021.
Os cientistas também mencionam o sonho de enviar pessoas para Marte em um horizonte distante.
Estação espacial
Em 2022 a China lança com sucesso o último módulo de sua estação espacial Tiangong.
A base deve orbitar a entre 400 e 450 quilômetros de distância da superfície terrestre por um período de 10 anos, com a ambição de manter a presença humana no espaço por um longo período.
Tiangong será tripulada sem interrupção, com missões rotativas de três pessoas.
A estação contém vários equipamentos científicos de vanguarda, incluindo "o primeiro sistema de relógio espacial atômico frio", segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
A princípio, a China não planeja usar sua estação espacial para a cooperação internacional, mas as autoridades já disseram que estão abertas a colaborar com outros países.
A próxima missão para a Tiangong, a Shenzhou-17, está prevista para outubro.
© Agence France-Presse
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