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Perda 'crítica' de combustível coloca em risco alunissagem de missão dos EUA

07/01/2024 14h25

Uma missão histórica privada, com o objetivo de chegar ao solo lunar, sofreu nesta segunda-feira (8) uma "perda crítica" de combustível que provoca temores de um fracasso, um revés para as expectativas americanas de levar ao satélite natural da Terra seu primeiro robô em cinco décadas.

O foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance (ULA), decolou em sua viagem inaugural da Estação da Força Espacial dos EUA, em Cabo Canaveral, na Flórida (sudeste), às 02h18 (04h18 no horário de Brasília), transportando o módulo de pouso lunar Peregrine da empresa americana Astrobotic, que conseguiu se separar com sucesso uma hora depois do lançamento.

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Algumas horas depois, a Astrobotic começou a relatar problemas técnicos, começando com a incapacidade de orientar o painel solar montado no topo do Peregrine em direção ao Sol e manter a bateria a bordo carregada, devido a uma falha em seu sistema de propulsão.

Embora os engenheiros tenham "improvisado" uma maneira de inclinar a espaçonave na direção certa e manter sua energia funcionando, a empresa postou na rede X que a mesma falha na propulsão parecia ser a causa de uma "perda crítica de propelente".

"Atualmente, estamos avaliando que perfis de missão alternativos podem ser viáveis neste momento", informou a Astrobotic, uma aparente aceitação de que o Peregrine não conseguiria fazer uma alunissagem controlada como previsto inicialmente.

A empresa também publicou uma imagem tomada por uma câmera integrada que mostrava grandes danos em uma capa exterior da nave espacial, classificando-a como o primeiro "indício visual" que reforça sua teoria de uma anomalia no sistema de propulsão, sem dar mais detalhes sobre sua natureza.

Espera-se que a nave alcance a órbita lunar e se mantenha ali por várias semanas antes de pousar em uma região de latitude média da Lua chamada Sinus Viscositatis, ou Baía da Aderência, em 23 de fevereiro, tornando-se a primeira companhia privada a realizar o feito.

Até agora, um pouso suave no satélite natural da Terra só foi alcançado por algumas agências espaciais nacionais: a União Soviética foi a primeira, em 1966, seguida pelos Estados Unidos, que continua a ser o único país a ter levado humanos à Lua.

A China tocou a superfície com sucesso três vezes na última década, enquanto a Índia foi a mais recente a alcançar o feito na sua segunda tentativa, no ano passado.

Os Estados Unidos recorrem ao setor privado em um esforço para estimular uma economia lunar mais ampla e enviar as suas próprias naves espaciais a baixo custo, no âmbito do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS).

No entanto, o aparente fracasso da Astrobotic poderia resultar em críticas à nova estratégia.

O chefe da Agência Espacial Americana (Nasa), Bill Nelson, contudo, elogiou o voo inaugural. "O voo espacial é uma aventura atrevida, e @astrobotic está tendo progressos para as entregas da CLPS e Artemis. A @Nasa seguirá ampliando nosso alcanço no cosmos com nossos sócios comerciais", disse Nelson em X.

- Uma tarefa desafiadora -

A Nasa pagou à Astrobotic mais de 100 milhões de dólares (489 milhões de reais na cotação atual) pela missão, enquanto outra empresa contratada, a Intuitive Machines, com sede em Houston, pretende lançar o seu foguete em fevereiro e pousar perto do polo sul da Lua.

Artemis é o programa liderado pela Nasa para voltar a levar astronautas ao solo lunar no final desta década, como preparação para futuras missões a Marte.

O pouso controlado na Lua é um desafio, já que aproximadamente metade de todas as tentativas termina em fracasso. Na ausência de uma atmosfera que permita o uso de paraquedas, uma nave espacial deve navegar por terrenos traiçoeiros usando apenas os seus propulsores para frear a sua descida.

As missões privadas de Israel e do Japão, assim como uma tentativa recente da agência espacial russa, falharam, embora a Agência Espacial Japonesa pretenda conseguir o pouso do seu módulo SLIM, lançado em setembro passado, em meados de janeiro.

A Peregrine carrega um conjunto de instrumentos científicos que serão utilizados para estudar a radiação e a composição da superfície lunar, o que abriria caminho para o retorno dos astronautas.

Também leva um veículo do tamanho de uma caixa de sapatos construído pela Universidade Carnegie Mellon, um Bitcoin físico e, de forma um tanto controversa, restos cremados e DNA, incluindo os do criador de Star Trek, Gene Roddenberry, o lendário autor e cientista de ficção científica, Arthur C. Clarke e um cachorro.

A Nação Navajo, o maior povo indígena dos Estados Unidos, afirma que a missão à Lua profana um corpo que é sagrado para a sua cultura e defendeu a remoção da carga. Embora lhes tenha sido concedida uma reunião final com representantes da Casa Branca, da Nasa e de outros funcionários, as suas objeções foram ignoradas.

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© Agence France-Presse

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