IBGE: Metade dos brasileiros estão conectados à internet; Norte lidera em acesso por celular
O jovem Awipdavi Urueu, da tribo indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, tem 23 anos e como todo brasileiro da sua idade gosta de acessar com frequência as redes sociais.
Porém, com apenas um computador na reserva indígena onde mora, localizada a cerca de 100 quilômetros ao sul da capital do Estado, Porto Velho, Awipdavi acaba tendo de recorrer na maior parte do tempo ao celular, por meio do qual interage com a comunidade - são 200 membros espalhados em seis aldeias - e se comunica com o mundo exterior, além de manter atualizado o seu perfil no Facebook, repleto de 'selfies'.
"Acesso a internet por meio de uma antena que eu mesmo comprei. De todas as aldeias, só a nossa tem esse tipo de conexão. Como aqui não tem sinal de telefone, é a forma que consegui para trocar ideias e conhecer pessoas novas, como você", disse ele à BBC Brasil. A antena, conta, custou cerca de R$ 2.000, valor que a aldeia pagou "em parcelas mensais de R$ 100".
A realidade de Awipdavi é comum na região Norte do país, cujas distâncias e grandes dimensões retardaram a chegada das redes de dados e fibras óticas. Sem uma infraestrutura adequada de cabos, a banda larga móvel (sem fio) ganhou força frente à fixa, em uma evolução diferente da verificada no restante do país.
Dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira confirmam essa peculiaridade. Em 2013, a região Norte apresentou o maior porcentual de domicílios que usaram o celular para acessar a internet (75,4%), enquanto no restante do Brasil predominou o uso do computador.
Entre os Estados do país, o acesso feito exclusivamente por celular ou tablet superou o feito por computador em Sergipe (28,9% por celular ou tablet contra 19,3% por computador), Pará (41,2% contra 17,3% por computador), Roraima (32% contra 17,2%), Amapá (43% contra 11,9%) e Amazonas (39,6% versus 11,1%). Parte dos entrevistados não soube responder à pergunta.
Rondônia, paradoxalmente, foi a unidade da federação que registrou a maior proporção de acesso exclusivo por meio de computador (61,1%), enquanto Santa Catarina teve o menor porcentual de acesso exclusivo por celular ou tablet (5%).
Diferentemente do restante do Brasil, o Norte foi também a única região do país onde a conexão via banda larga móvel - as redes 3G ou 4G - ultrapassou a rede fixa. Nos Estados do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, oito em cada dez residências com internet acessaram a rede via banda larga móvel em 2013.
"A região Norte acabou prejudicada por causa da conexão à longa distância. Isso fez com que a internet ficasse muito cara e com a velocidade muito baixa. O acesso que, antes só era possível via satélite, hoje já é viável por meio das torres de telefonia celular. A banda fixa ali, contudo, acabou não evoluindo, diferentemente do restante do país", explica Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, especializada em telecomunicações.
Foi a primeira vez que o IBGE levantou dados sobre o tipo de equipamento utilizado para acessar a internet. Os dados da Pnad também incluíram os domicílios cobertos por sinal digital de TV aberta e a posse de celular para uso pessoal.
Computador menos importante
Segundo o órgão, 85,6 milhões de brasileiros acima de 10 anos de idade (49,4% da população) tinham usado a internet, pelo menos uma vez, no período de referência dos últimos três meses (últimos 90 dias que antecederam ao dia da entrevista) em 2013.
Desse total, 78,3 milhões (45,3% da população) afirmaram ter acessado a rede via computador. A proporção é menor do que a verificada em 2011, quando 46,5% dos brasileiros diziam ter usado a internet por meio de um computador no domicílio.
Em 2013, de acordo com o IBGE, as regiões Sudeste (57%), Sul (53,5%) e Centro-Oeste (54,3%) registraram os maiores percentuais de utilização da internet considerando-se todos os equipamentos. Já a região Norte teve a maior proporção (8,7%) de pessoas de 10 anos ou mais de idade que utilizaram a internet por meio de aparelhos com exceção do computador (celular, tablet, TV etc.).
Em relação ao número de domicílios, de acordo com a pesquisa, 48% deles tinham acesso à internet (31,2 milhões de residências). Desse total, 88,4% (ou 27,6 milhões) usavam a internet por meio de computador. No restante - 11,6% ou 3,6 milhões de domicílios, a utilização da internet era realizada por outros equipamentos.
Tablets
O IBGE verificou ainda a existência de tablets nos domicílios brasileiros. Segundo os dados da Pnad 2013, 7,1 milhões (10,8%) dos 65,1 milhões de domicílios particulares permanentes do país tinham o aparelho.
Dentre eles, diz o órgão, mais da metade (3,9 milhões) estava no Sudeste, onde 13,8% das casas possuíam tablets. Já o Norte do país foi a região com a menor incidência do aparelho. Apenas 278 mil domicílios (ou 5,9% do total da região) tinham o dispositivo.
A pesquisa também mostrou uma relação direta entre o acesso à internet, a renda e os anos de estudo. Segundo o IBGE, a proporção de pessoas que usa a rede cresce conforme aumentam o rendimento e a escolaridade.
Já no tocante à faixa etária, o cenário é inverso. Os mais jovens registraram os maiores percentuais de acesso à internet.
Acesso à TV e posse de celular
O IBGE também levantou dados sobre o acesso à TV e a posse de celular para uso pessoal.
Segundo as estimativas da Pnad 2013, 130,2 milhões de brasileiros acima de 10 anos de idade tinham celular para uso pessoal, um aumento de 49,4% ante a 2008.
Entre as regiões do país, o Centro-Oeste registrou a maior proporção de pessoas com o aparelho (83,8%), seguido do Sul (79,8%), Sudeste (79,5%), Norte (66,7%) e Nordeste (66,1%).
De acordo com o IBGE, oito em cada dez brasileiros entre 25 e 49 anos possuíam um celular para uso pessoal em 2013.
Já a TV, diz o órgão, predomina em 97,3% dos domicílios do país (63,3 milhões). Desse total, 29,5% das residências tinham TV por assinatura, 31,2% possuíam sinal digital de TV aberta enquanto que 38,4% dependiam de antena parabólica.
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