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'Transumana': a hacker que implantou 50 chips e ímãs no próprio corpo para torná-lo 'melhor'

Lepht é adepta do transumanismo e já fez dezenas de intervenções no próprio corpo - BBC
Lepht é adepta do transumanismo e já fez dezenas de intervenções no próprio corpo Imagem: BBC

21/11/2016 15h15

Uma hacker escocesa identificada como Lepht Anonym está implantando microchips e imãs no próprio corpo numa tentativa de ampliar seus sentidos e conhecimentos.

Em entrevista à BBC, ela contou não se importar com os riscos e efeitos ruins e dolorosos dos procedimentos amadores a que se submete - mas não aconselha ninguém a seguir seu exemplo.

"Prefiro sofrer com muita dor e adquirir conhecimentos do que evitar a dor e ficar sem esses conhecimentos."

Lepht se define como uma "transumanista", alguém que quer melhorar a qualidade da vida humana por meio da tecnologia.

"O transumanismo é, basicamente, a filosofia que afirma que podemos e deveríamos melhorar a qualidade da vida humana usando a tecnologia", afirmou a escocesa.

"Estamos tentando usar a tecnologia de um jeito mais pessoal para que nossos corpos sejam melhores."

Um dos principais teóricos do movimento transumanista - que tem simpatizantes e críticos no mundo todo - é o filósofo britânico Max More.

More escreveu um ensaio em 1990, Transhumanism: Toward a Futurist Philosophy ("Transumanismo: A Caminho de uma Filosofia Futurista", em tradução livre), no qual introduziu o termo transumanismo em seu sentido moderno.

Procedimentos 
Transumana - BBC - BBC
Este foi um dos chips implantados por Lepht no próprio corpo; ele é pequeno, mas o procedimento provocou um sangramento na mão
Imagem: BBC
 

Nos últimos anos, Lepht já passou por 50 procedimentos cirúrgicos para implantar microchips em seu corpo e ímãs nas pontas dos dedos.

"Minha primeira experiência cirúrgica aconteceu em 2007. Tudo o que fiz foi comprar um chip digital, um leitor, na web e instrumentos médicos esterilizados, um pequeno kit de operação."

Para fazer o primeiro procedimento, teve a ajuda de uma amiga.

"Uma amiga que estava estudando Medicina na época fez o corte. Nós colaboramos: ela fez o corte, eu coloquei o chip, fiz os curativos."

A partir daí, Lepht não parou mais.

Os ímãs nas pontas dedos, afirmou, lhe proporcionam "mais um sentido" eles são ativados por dispositivos externos e permitem que a hacker "sinta" a distância entre suas mãos e os objetos.

"Seu sistema nervoso trabalha com sinais eletrônicos, exatamente do mesmo jeito que qualquer tipo de dispostivo. São apenas sinais que viajam pelo seu corpo até o cérebro. A única diferença é que os caminhos que eles percorrem no seu corpo são nervos, ao invés de circuitos."

"Quando colocamos um nó no sistema nervoso, enquanto ele gerar um sinal elétrico, vai se conectar com os nervos sem problemas."

Lepht tem um blog, o Sapiens Anonym, que já recebeu mais de 600 mil visitas e é especializado em biohacking.

Outros biohackers se comunicam por fóruns na web, compartilhando informações sobre suas experiências.

Atualização 
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A BBC acompanhou uma das últimas atualizações que Lepht fez em um dos chips implantados em sua mão, um procedimento bem menos sangrento que os anteriores
Imagem: BBC

Um dos procedimentos mais recentes de Lepht foi acompanhado pela BBC.

A blogueira inseriu um microchip atualizado na própria mão para que possa fazer pagamentos sem usar cartões.

"Hoje vou fazer uma atualização de um dos microchips que já tenho. Ele (o microchip novo) pode fazer mais do que o velho. Então quero ver se os dados do meu cartão com o qual faço meus pagamentos podem ser copiados para o chip."

Ela mostra à reportagem que tudo é esterilizado - todas as superfícies e instrumentos usados para inserir o novo chip. E a incisão é pequena, apenas um ponto aberto em sua mão.

Com a outra mão em uma luva ela insere o novo chip e aperta o ponto de entrada para que ele deslize para o lugar certo.

Em seguida, a biohacker faz um teste para saber se o chip consegue ser lido pela memória USB conectada a seu computador.

E quando ela aproxima a mão com o novo chip da memória USB, os dados aparecem na tela do computador.

Apesar de o procedimento ter sido bem-sucedido, Lepht não aconselha ninguém a seguir seu exemplo.

"Não sou médica, não tenho nenhum treinamento no setor, nenhuma qualificação médica. Na minha opinião, isso é apenas algo que faço usando o direito que tenho sobre meu próprio corpo."

Para os que acreditam que ela está se expondo a um risco desnecessário, a blogueira responde que tudo o que quer é acelerar o processo de evolução da inteligência, para além das atuais limitações da forma humana.

"Meu raciocínio, a razão de não achar nada disso loucura, é basicamente porque tenho um objetivo. Não há um modo fácil de conseguir esses dados a não ser que esperemos por alguém que tenha um laboratório ou apoio de alguma corporação possa fazer isso."

"Estamos fazendo isso apenas para conseguir dados que (outros) hackers poderão usar no futuro."