O polêmico app do Google que permite que pais monitorem criança em tempo real
Discussões sobre hiperconectividade, a idade certa para se ter um celular ou a segurança de crianças na internet não são exatamente uma novidade. Já há no mercado, inclusive, diversas ferramentas de controle parental no uso da tecnologia.
Mas, agora, um dos gigantes da internet resolveu entrar neste nicho e criou um aplicativo que tem dado o que falar.
O Google acaba de lançar, para "quase todos os países do mundo", inclusive o Brasil, o Family Link - que, no ano passado, já havia sido disponibilizado nos Estados Unidos.
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O aplicativo, para sistemas Android e iOS, permite ter um controle quase total do que as crianças fazem no celular, de ferramentas instaladas no aparelho aos horários em que ele é usado e até mesmo sua localização.
Estes atributos, porém, têm colocado a questão: o controle prometido é excessivo?
Ajuda para 'encontrar um equilíbrio'
O Family Link gera "dados de atividade que mostram quanto tempo seus filhos passam nos aplicativos favoritos".
Assim, os pais podem aprovar ou bloquear instalações ou ainda adicionar diretamente aplicativos que considerem adequados.
"Você decide o tempo adequado (de uso) para seus filhos", afirma ainda a empresa.
O objetivo é ajudar as crianças "a encontrar um equilíbrio" - por exemplo, estabelecendo um horário para ir dormir e desligar o celular. Afinal, cientistas vêm apontando que o uso demasiado do dispositivo pode afetar a criatividade e a habilidade interpessoal.
"Cada vez que seja necessário um descanso", é possível bloquear o uso do aparelho de maneira remota, promete o aplicativo.
Onde estão e o que buscam
Mas, talvez, a ferramenta mais polêmica do produto seja a que permite monitorar a localização da criança e o conteúdo de suas buscas na internet.
"É útil saber onde seus filhos estão, onde quer que estejam. O Family Link pode ajudar a localizá-los, contanto que eles carreguem seus aparelhos com eles", explica o Google.
Os pais também podem, remotamente e em tempo real, bloquear e desbloquear as páginas que as crianças podem ver.
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Isto foi alvo de críticas por aqueles que consideraram uma forma de vigilância excessiva.
Outros apontaram o limite de 13 anos de idade para este tipo de controle.
"Aos 13 anos, a criança 'formada', como o Google a chama, se liberta das restrições. Obtém as chaves do reino da internet e tudo de bom e ruim que vem com ela", escreveu o correspondente de tecnologia do jornal americano The New York Times, Brian X Chen.
"Isso é terrível porque, à primeira vista, o Family Link tem tudo para ganhar. É gratuito, bem projetado e cheio de recursos úteis para regular o uso do smartphone", explica o jornalista.
"No entanto, quase todos esses benefícios são prejudicados pela decisão do Google de permitir que as crianças removam as restrições no momento em que se tornam adolescentes", acrescenta Chen.
O Google, no entanto, insiste que a responsabilidade no uso da internet pelas crianças é uma tarefa compartilhada com os pais.
"Queremos que as crianças explorem e se inspirem enquanto embarcam em sua própria aventura digital. No entanto, cada família pensa de forma diferente sobre o que seus filhos devem ou não fazer no celular", disse a companhia em um comunicado.
Celulares e crianças: recomendações
Independentemente da sua escolha sobre aderir ou não às ferramentas de controle parental, veja abaixo outros conselhos que vão ao encontro deste objetivo:
- Navegar juntos: Compartilhe momentos online com seu filho e converse com ele sobre o uso da tecnologia.
- Filtros de conteúdo: Tenha em conta que eles são úteis, mas não bloqueiam todo o conteúdo perigoso.
- Tempo equilibrado: Controle o tempo que se passa na internet e evite a dependência nas telas.
- Cuidado com a privacidade: Mantenha uma relação de confiança com seus filhos.
Fonte: Internet Segura For Kids (Centro de Seguridad en Internet para menores de edad en España).
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