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O que é a Uber Works, app "agência de trabalho" que a gigante de tecnologia testa nos EUA

Pessoas que trabalham com limpeza e em bares estão entre os públicos alvo do novo aplicativo da Uber - Getty Images
Pessoas que trabalham com limpeza e em bares estão entre os públicos alvo do novo aplicativo da Uber Imagem: Getty Images

03/10/2019 19h24

Aplicativo, que começará a operar em Chicago, permitirá a prestadores de serviços autônomos comparar pagamentos e assumir trabalhos temporários.

A Uber está lançando um aplicativo que conecta trabalhadores autônomos a empregadores num momento em que enfrenta dificuldades com sua atividade principal, o transporte de passageiros.

A Uber Works permitirá que pessoas que prestam serviços nos setores de limpeza, bares e depósitos sem vínculo empregatício comparem pagamentos e combinem trabalhos.

O aplicativo será lançado na sexta-feira (4/10) e inicialmente só estará disponível em Chicago (EUA).

Ele vai competir com vários apps que já operam nos EUA, como o Wonolo, o Workpop e o Shiftgig.

O lançamento ocorre num momento em que vários países endurecem as regras para operações de aplicativos de transporte de passageiros. A Califórnia recentemente aprovou leis que abrem caminho para que trabalhadores de aplicativos se tornem empregados e ganhem direitos trabalhistas, o que deve aumentar os custos de empresas como a Uber.

A iniciativa também acontece num momento em que investidores se perguntam se o modelo de negócio da empresa é de fato rentável. Assim como várias companhias que valem bilhões e transformaram os setores em que atuam, como a Tesla e o Spotify, a Uber não dá lucro.

Há temores quanto à desaceleração da economia global e a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos no médio prazo.

As ações da Uber vêm perdendo valor desde que a empresa abriu seu capital, em maio, tendo encostado poucas vezes no preço que atingiram na ocasião da oferta inicial.

Os desafios que cruzaram o caminho da empresa foram vários, desde o aumento da concorrência e problemas com a regulamentação do aplicativo em diversos países até uma questão reputacional, com escândalos internos (denúncias de assédio sexual por funcionários, por exemplo) e o debate sobre a "uberização" do mercado de trabalho ? a tendência global do aumento da participação de autônomos, com menor acesso a diretos trabalhistas.

Horas de trabalho e descanso

Ao anunciar o novo serviço num blog, a Uber disse que milhões de trabalhadores americanos usam agências de recrutamento. Ela diz que o processo agora poderá ser mais transparente e rápido tanto para os prestadores de serviço quanto para as empresas.

O app oferecerá informações sobre pagamento, local e condições de trabalho. Os usuários poderão monitorar horas de trabalho e de descanso, segundo a Uber. Os empregadores poderão acessar perfis de trabalhadores "verificados e qualificados".

A Uber tentará fazer o aplicativo deslanchar em Chicago, onde a empresa já o testou no último ano, antes de introduzi-lo em outros mercados.

O crescimento das contratações informais é controverso. Alguns trabalhadores dizem gostar da flexibilidade que o esquema propicia, enquanto outros lidam com insegurança econômica e com a ausência de benefícios trabalhistas.

Em vários lugares do mundo, motoristas que trabalham para a Uber têm processado a companhia na Justiça para exigir benefícios como pagamento por férias e convênio médico.