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Por que a China passou a chamar jogos online de 'drogas eletrônicas'

06/08/2021 06h38

Nos últimos meses, Pequim reprimiu os setores de tecnologia e educação privada da China.

As ações de duas das maiores empresas de jogos online da China caíram depois que um veículo de comunicação estatal chamou os games de "drogas eletrônicas".

As ações da Tencent e da NetEase caíram mais de 10% no início das negociações da bolsa de Hong Kong. Depois, as empresas recuperaram algumas dessas perdas.

Os investidores estão cada vez mais preocupados com a repressão de Pequim às empresas, principalmente de tecnologia.

Nos últimos meses, as autoridades anunciaram uma série de medidas para aumentar seu controle sobre as empresas de tecnologia e educação privada.

Um artigo publicado pelo Economic Information Daily, jornal estatal chinês, afirmou que muitos adolescentes se tornaram viciados em jogos online e isso estava tendo um impacto negativo sobre eles. O veículo de comunicação é afiliado à agência oficial de notícias Xinhua.

O artigo citou o jogo extremamente popular Honor of Kings, da Tencent, dizendo que jovens passam até oito horas por dia jogando-o. O texto também pede mais restrições à indústria.

"Nenhuma indústria, nenhum esporte pode se desenvolver de uma maneira que destrua uma geração", afirma o texto. Depois, ele ainda chama os jogos online de "ópio espiritual".

A Tencent afirmou que iria introduzir medidas para reduzir o acesso das crianças e o tempo gasto no jogo Honor of Kings. A empresa também disse que planeja eventualmente implementar a política para todos os seus jogos.

A recuperação nos preços das ações veio quando o Economic Information Daily excluiu o artigo de sua conta na plataforma de mídia social Wechat.

A Tencent também viu suas ações caírem na semana passada, depois de receber ordens para encerrar acordos exclusivos de licenciamento de música com gravadoras de todo o mundo.

A mudança teve como objetivo combater o domínio da gigante da tecnologia de streaming de música online no país - atualmente, o conglomerado controla mais de 80% dos direitos exclusivos de streaming de música da China após uma aquisição em 2016.

A Tencent é apenas uma de uma série de empresas chinesas listadas nas bolsas de valores dos Estados Unidos, Hong Kong e China continental que viu suas ações caírem drasticamente neste ano, enquanto Pequim reprimia os setores de tecnologia e educação do país.

Na semana passada, as ações de empresas chinesas de ensino online despencaram depois que elas foram privadas da capacidade de lucrar com o ensino de disciplinas básicas na China.

As novas diretrizes também restringiram o investimento estrangeiro no setor.

A principal mudança na política ocorreu quando as autoridades tentaram aliviar as pressões financeiras na criação de filhos.

As autoridades estão preocupadas depois que o último censo da China mostrou que a taxa de natalidade caiu para o menor índice em sete décadas.

Essa foi uma das maiores revisões já feitas no setor de aulas particulares que movimenta US$ 120 bilhões no país.


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