Análise: Por que Zuckerberg deveria cobrar pelo Tinder do Facebook?
A iniciativa de namoro online do Facebook é uma tentativa de unir as pessoas ainda mais à rede social. Faz sentido, considerando que a relação com seus 2,1 bilhões de usuários perdeu o romantismo. Mas há algo que Mark Zuckerberg poderia fazer para realmente transformar o novo rival do Tinder em um recomeço: cobrar pelo serviço.
Na conferência anual de desenvolvedores da gigante das redes sociais, Zuckerberg disse: "queremos que o Facebook seja um lugar onde se possa iniciar relacionamentos significativos". Ainda assim, considerando toda a controvérsia em torno do tratamento dado às informações dos usuários, a empresa ainda está reatando seus próprios laços com a base de clientes. Muitos usuários ainda querem ver evidências de mudanças antes de renovar o compromisso.
Isso não quer dizer que o Facebook não terá sucesso, cobrando ou não pela iniciativa. Zuckerberg diz contar com pelo menos 200 milhões de membros solteiros.
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Mas após o escândalo da Cambridge Analytica, o bilionário está realmente pressionado a reduzir a forte dependência do uso de dados pessoais para vender anúncios. Se levasse as preocupações a sério, ele estaria buscando formas diferentes de gerar receita com todos esses usuários. O Facebook Dating seria um bom lugar para começar.
Infelizmente, é quase certo que isso não acontecerá. O negócio de publicidade do Facebook faz tanto sucesso porque é um modelo único, que aumenta a escala muito facilmente e com pouca supervisão humana. A adição de serviços pagos separados demandaria mais funcionários e estragaria a pureza do modelo de receita.
Aplicativos e sites de namoro, como o Match.com e o Tinder, cobram taxas de adesão e assinatura para desbloquear alguns recursos, como o uso ilimitado de deslizadas. A empresa controladora de ambos, a Match Group, registrou US$ 1,3 bilhão em receita no ano passado, cerca de 3 por cento da receita total do Facebook, mas gerou uma saudável margem líquida de 33 por cento. Não surpreende que as ações da Match tenham despencado após a bomba lançada por Zuckerberg.
O problema do Facebook é que precisaria de uma série de produtos adjacentes semelhantes para começar a diminuir gradualmente o domínio do negócio publicitário, que representa 98 por cento das receitas. O desenvolvimento de serviços pagos do tipo exigiria investimentos pesados, o que diluiria os volumosos retornos sobre o capital do Facebook.
Em vez disso, a empresa espera que os encontros aumentem o engajamento. As pessoas estão menos apaixonadas pela rede social: o tempo gasto nela diminuiu 5 por cento no trimestre de dezembro, e Zuckerberg, em decisão reveladora, não compartilhou os dados do período de três meses até março. Uma ferramenta de namoro inevitavelmente aumentará os números do engajamento, particularmente na faixa etária de 18 a 35 anos, tão apreciada pelos anunciantes.
Há poucas dúvidas de que a ferramenta de namoro beneficiará os negócios do Facebook, o que deixará os investidores contentes. Mas para ter algo de longo prazo, diante de fontes alternativas de receita, Zuckerberg deveria deslizar para a direita.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
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