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Cientistas criam técnica para desinfetar rapidamente e reusar máscaras N95

N95 conseguem filtrar de maneira eficaz as partículas do coronavirus - Getty Images
N95 conseguem filtrar de maneira eficaz as partículas do coronavirus Imagem: Getty Images

07/10/2021 01h46

Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida (USF), nos Estados Unidos, desenvolveu uma nova técnica que permite desinfetar rapidamente e recarregar os filtros das máscaras descartáveis N95, além de ajudar a reduzir dois problemas: a escassez do equipamento e a contaminação produzida por ele.

Os cientistas afirmam que a técnica pode restaurar 95% da eficiência de filtração original da N95, mesmo após 15 ciclos de tratamento.

De acordo com um artigo publicado no site da universidade, a técnica —ainda pendente de patente— utiliza o chamado "efeito de descarga de corona", um fenômeno causado pela ionização do ar que envolve os condutores elétricos, para esterilizar máscaras que protegem contra o coronavírus e outras doenças transmitidas pelo ar.

O procedimento não só desativa agentes patogênicos presentes em uma máscara, mas também restaura cargas eletrostáticas, de acordo com resultados do estudo publicados na revista científica "Environmental Science & Technology".

"O tratamento de descarga de corona em máscaras N95 pode matar 99,9999% das bactérias após três ciclos usando um fio como eletrodo", diz a universidade.

Segundo os criadores, as vantagens desta técnica são que ela não é térmica - o que significa que não requer aquecimento adicional -, não utiliza produtos químicos, não envolve contato, é reutilizável, mais segura do que a radiação ultravioleta e consome pouca energia (1,25 watt).

Além de proporcionar proteção, o tratamento de descarga de corona pode ter um impacto significativo no meio ambiente. O estudo cita um relatório publicado pela organização de conservação marinha OceansAsia, sediada em Hong Kong.

De acordo com a organização, 1,56 bilhão de máscaras poluíram os oceanos em 2020 e é provável que sejam necessários mais de 450 anos para que se decomponham completamente.

Em vez de as pessoas utilizarem centenas de máscaras por ano, os pesquisadores dizem que a tecnologia limitará o consumo a dezenas por ano.

Ying Zhong, professora assistente no Departamento de Engenharia Mecânica da universidade e um dos líderes do projeto, afirmou que prevê a possibilidade de "uma redução de 90%" no número de máscaras faciais por usuário.

"Se 10% da população mundial usufruir da tecnologia de reutilização de máscaras de 'efeito de corona', haverá uma redução de até 5 bilhões de máscaras descartadas no meio ambiente", analisou.

Segundo Zhong, a utilização poderia evitar ao menos 24 milhões de toneladas de poluição plástica e reduzir a quantidade de produtos químicos utilizados para desinfetar as máscaras.

"Apesar das difíceis condições da pandemia, este foi o projeto mais animador em que já trabalhei", relatou Libin Ye, professor assistente do Departamento de Biologia Celular, Biologia Molecular e Microbiologia da USF.

"Esperamos que a nossa pesquisa melhore a compreensão de como a desinfecção por descarga de corona pode ser transformada em produtos no mercado o mais rapidamente possível", acrescentou.

Os pesquisadores trabalham com uma empresa de fabricação de dispositivos médicos para transformar os seus protótipos em produtos adequados para os hospitais e o público em geral.

A equipe também trabalha no desenvolvimento de dispositivos portáteis para esterilizar casas, hospitais e outros lugares como restaurantes, escolas e transportes públicos.

A tecnologia é financiada em parte por um aporte de US$ 167,5 mil da National Science Foundation e uma subvenção do Departamento de Pesquisa e Inovação da USF em pesquisa de resposta rápida contra a covid-19. EFE