Nobel de Física pede medidas para combater crise demográfica na Itália

Roma, 12 out (EFE).- O vencedor neste ano do prêmio Nobel de Física, Giorgio Parisi, fez um apelo nesta terça-feira para que as autoridades da Itália revertam a crise demográfica no país, utilizando todos os meios necessários.

"A Itália se encontra em uma cilada demográfica: o número de nascimentos é cada vez menor, e é preciso intervir também com benefícios fiscais", disse o pesquisador, durante discurso em um congresso médico realizado em Roma, na Academia Nacional dos Linces, de que é vice-presidente,

O físico admitiu que a natalidade na Itália também foi reduzida por efeito da pandemia, mas disse considerar que a queda não depende da estrutura da sociedade.

"A Itália não é um país para jovens", afirmou Parisi, segundo a imprensa local.

O ganhador do Prêmio Nobel neste ano também se referiu a "precariedade dos contratos" de trabalho oferecidos aos jovens", indicando se tratar de um problema político fundamental a ser enfrentado.

"Temos uma emigração italiana ampla, substancial e constante de pessoas, com uma alta preparação profissional. A razão desse fenômeno é clara para mim, talvez não para todos: um casal, para decidir ter um filho, quer segurança econômica e isso, com contratos precários, não existe", explicou.

Parisi também citou os efeitos da pandemia sobre os menores de idade, com o que classificou como um "enorme problema ético nas instituições sobre os direitos das crianças".

O físico ainda disse ter preocupação com os altos índices de mortalidade infantil que são registrados no sul do país.

"O aumento de 36% da mortalidade infantil no sul, em comparação com norte e centro, é um problema político, e corresponde a um número considerável de mortes evitáveis, com melhores estruturas", afirmou o Nobel de Física.

Parisi recebeu o prêmio pelo descobrimento da interação da desordem e das flutuações nos sistemas físicos, desde a escala atômica, até a a planetária.

A descoberta nos sistemas físicos completos permite entender e descobrir materiais e fenômenos diferentes, que em aparência são totalmente aleatórios, não apenas na física, mas também em outros campos, como matemática, biologia, neurociência e aprendizagem automática. EFE