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Análise: aplicativo de mapas do Google para iPhone segue na direção certa

Aplicativo Google Maps funcionando em um iPhone 5; Google apresentou aplicativo para iOS após solução da companhia deixar de ser a nativa dos aparelhos da Apple - Justin Sullivan/AFP/Getty Images
Aplicativo Google Maps funcionando em um iPhone 5; Google apresentou aplicativo para iOS após solução da companhia deixar de ser a nativa dos aparelhos da Apple Imagem: Justin Sullivan/AFP/Getty Images

David Pogue

18/12/2012 06h00

Foi uma das maiores manchetes de tecnologia do ano: em setembro, a Apple cancelou seu contrato com o Google, que sempre forneceu dados para o aplicativo Maps do iPhone. Por vários motivos estratégicos, a Apple preferiu escrever um novo aplicativo, baseado em um novo banco de dados do mundo que a Apple pretendia montar ela mesma.

Como todo mundo já sabe, a Apple se perdeu no caminho. Foi como um engavetamento de 22 carros. Timothy Cook, o presidente-executivo da Apple, deu uma guinada rápida, pedindo desculpas publicamente, demitindo o executivo responsável e prometendo consertar o Maps. Para uma empresa que se orgulha da execução impecável, foi uma volta e tanto.

Começaram a correr rumores de que o Google criaria seu próprio aplicativo para iPhone, um que usaria seu banco de dados do mundo com sete anos, muito mais polido.

Era verdade. Na última quinta-feira (17), chegou o Google Maps para iPhone. É gratuito, rápido e fantástico.

Mas há duas partes para um grande aplicativo de mapas. Há o próprio aplicativo – sua aparência, seu funcionamento, suas funções. Neste aspecto, poucas pessoas se queixam do aplicativo da Apple; ele é bonito, seu modo navegação para motoristas é claro, simples e sem distrações.

E há a parte difícil: os dados por trás. A Apple e o Goggle criaram cada um deles bancos de dados impressionantemente complexos do mundo e de suas ruas.

A receita para ambas as empresas inclui dados de mapas da TomTom, fotos por satélite de uma fonte diferente, dados de trânsito em tempo real de outros, listagens de restaurantes e lojas de mais fontes adicionais e assim por diante. No final, a Apple diz ter incorporado dados de pelo menos 24 fontes diferentes.

Recursos do novo Google Maps

  • Base extensa de mapas

Assim, a primeira coisa ótima a respeito do novo Google Maps é o seu banco de dados. Centenas de funcionários do Google passaram anos editando à mão os mapas, consertando os milhares de erros que as pessoas informam todo dia. (No novo aplicativo, você informa um erro apenas balançando o telefone.) E desde 2006, os veículos do Street View do Google já percorreram 3.000 cidades, fotografando e confirmando a precisão cartográfica de oito milhões de quilômetros de ruas.

  • Reprodução

    Google Maps para iPhone funciona como um GPS convencional, inclusive falando as direções para o motorista

Você pode sentir o polimento e inteligência do novo aplicativo no momento em que você dá entrada no primeiro endereço; ele entende muito mais facilmente. Quando digito “200 W 79, NYC”, o Google Maps espeta o alfinete no local certo: no Upper West Side de Manhattan.

O aplicativo Maps da Apple, por sua vez, parece bêbado: “Você quer dizer 200 Durham Road, Madison, CT? Ou 200 Madison Road, Durham, CT?”

O quê?

  • Leva para a direção certa

E há a navegação. Muitos donos de iPhone relatam que não tiveram problema com as instruções de direção da Apple, o que é ótimo. Mas eu fui idiotamente orientado de modo errado algumas vezes – e o problema é que você nunca percebe com antecedência. Você acaba com uma profunda desconfiança do aplicativo, que é difícil de remover. As direções também não eram ótimas nos primórdios do aplicativo do Google e ainda nem sempre são perfeitas. Mas após anos de polimento e correções, elas estão certas com muito mais frequência.

As funções obrigatórias estão todas aqui: direções faladas ao motorista, condições de trânsito em tempo real por código de cor, mapas baseados em vetor (bons em qualquer tamanho). Mas o novo aplicativo também oferece algumas funções incrivelmente poderosas e úteis que o aplicativo da Apple carece.

O Street View, é claro, permite que você veja a foto de um lugar e até mesmo “caminhe” pela rua em qualquer direção. Isso é ótimo para checar um bairro antes de ir, sondar as condições de estacionamento ou brincar de “você está lá” quando lê uma reportagem.

  • Transporte público

Além das orientações de direção, o Google Maps dá ênfase igual às direções para caminhada e opções de transporte público.

  • Justin Sullivan/AFP/Getty Images

    Detalhe do aplicativo Google Maps rodando em um iPhone 5. Tela exibe a função do aplicativo que indica direções para os locais através de transporte público

Essa função é brilhante. O Google Maps exibe um cronograma limpo, passo a passo, de toda sua aventura pelo transporte público. Se você pedir uma rota de Westport, Connecticut, até o Edifício Empire State, o cronograma diz: “4:27 pm, tome o trem em New Haven para o Grand Central Terminal”. Então ele mostra os nomes das paradas de trem pelas quais você passará de fato. Então, “5:27 pm, Grand Central. Saia e caminhe 2 minutos”. Então, “5:57 pm, 33rd Street: Tome o #6 Lexington Avenue Local na direção da Ponte do Brooklyn”. E assim por diante.

Mesmo que ele só tratasse de transporte público, o Google Maps seria um dos melhores aplicativos existentes. (A Apple encaminha você para aplicativos de outras empresas para essa informação.)

  • Busca por locais

O banco de dados de pontos de interesse do Google também é excelente. Por exemplo, se você procurar por um restaurante, você pode ler a crítica da “Zagat”, as críticas dos clientes, ver o cardápio ou até mesmo fazer reserva, direto na tela. Um toque em um único botão inicia a navegação até o restaurante. Para 100 mil restaurantes e outras empresas, você pode até mesmo ver qual é a aparência do interior, todos os 360 graus. O Modo Bússola permite que você segure o telefone diante de você; ao se mover para a esquerda, direita, para cima ou para baixo, a visão do local pelo telefone muda de acordo, permitindo que você olhe ao redor. É muito louco. É a “Matrix”. É teletransporte visual.

O Google conseguiu até mesmo incorporar o Google Earth, seu modelo fotográfico no qual é possível dar zoom de todo o mundo e seus oceanos. Sabe como é, caso você queira saber não apenas onde fica um prédio em relação a Detroit, mas em relação à Fossa das Marianas.

São muitas funções. A grande pergunta: quão bem o Google as adicionou sem afundar o aplicativo com “featuritis”?

Isso, na verdade, é o melhor de tudo. O novo desenho totalmente repensado é limpo, simples e coerente. O Google reconhece que é ainda melhor do que o Google Maps para telefones Android, que acomodou seu conjunto de funções em constante evolução principalmente por meio de acúmulo de menus.

O novo conceito do programa aqui é deslizamento horizontal. Planejando uma viagem? O mapa mostra rotas possíveis no mapa; uma faixa na parte inferior resume o trânsito no momento e o tempo até o destino. Deslize o dedo na faixa para ver a próxima rota proposta.

Procura “restaurantes italianos”? Uma faixa mostra as avaliações e preço médio do primeiro; deslize o dedo para ver os detalhes do próximo restaurante e assim por diante.

E quando você está navegando, as instruções de direção aparecem em uma faixa verde; deslize para olhar à frente para a próxima instrução. (O modo de navegação da Apple não permite que você olhe antecipadamente para as próximas direções.)

O rolar dos mapas é rápido, o que é adorável; na visão 3D, que faz você se sentir como se estivesse olhando para baixo para o mundo de um avião, os tamanhos dos tipos dos nomes dos lugares contribuem para seu senso de perspectiva. Eles vão ficando menores à medida que você se distancia.

Problemas do Google Maps

Então, sim, o Google Maps para iPhone é um sucesso. Mas tem suas notas de rodapé.

A maior é desistir da integração com o Siri. Se você disser ao seu iPhone, “Me diga o caminho para o aeroporto”, o aplicativo Maps da Apple abre automaticamente, com seu percurso já traçado. É preciso mais passos para abrir o Google Maps.

E apesar do desenho e fluidez superiores, a versão para iPhone do Google Maps não tem todas as funções da versão Android. Ele ainda não permite que você baixe e armazene mapas para uso quando não tiver conexão de Internet. Ele não tem mapas internos (de shopping centers e aeroportos, por exemplo). E ele não tem propagandas ou ofertas pop-up. (Que chato, né?)

Finalmente, apesar do Google Maps funcionar bem no iPad, ele é apenas uma versão ampliada da versão para iPhone. Ainda não há um aplicativo específico para iPad.

O Google diz que essas coisas virão em breve. Mas para um aplicativo 1.0, criado no espaço de apenas poucos meses, o Google Maps para iPhone é uma ferramenta incrivelmente poderosa, precisa e bonita. Para milhões de donos de iPhones, é uma orientação na direção certa.

  • Karly Domb Sadof/AP

    Aplicativo Google Maps é visto em tela do iPad; o programa apresenta comandos e controles disformes no tablet por ter sido feito para funcionar na tela do iPhone