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Com 65 anos, campuseira de primeira viagem conta como foi parar no acampamento nerd

Ivonilde Araújo, 65, de Macapá, aguarda na fila para o credenciamento em sua 1ª Campus Party - Willians Valente/UOL
Ivonilde Araújo, 65, de Macapá, aguarda na fila para o credenciamento em sua 1ª Campus Party Imagem: Willians Valente/UOL

ANA IKEDA || Do UOL Tecnologia

20/01/2011 07h00

Campuseira de primeira viagem, Ivonilde Araújo, 65, destoa da massa de jovens com quem acampa em São Paulo em um dos maiores eventos de tecnologia do país. Mas a Campus Party não é uma das únicas descobertas recentes de Dona “Nilde”, como costuma ser chamada.

Por conta de uma alergia respiratória há cinco anos, Nilde não podia sair de casa e respirava com a ajuda de um balão de oxigênio. “Comprar um notebook foi ideia da minha filha, porque ela não queria que eu ficasse sozinha e acabasse deprimida”, relembra. Conectada à internet, tinha companhia, lia notícias e fazia pesquisas.

Após a filha ser transferida de Macapá (onde até hoje Nilde mora) para Minas Gerais (de onde Nilde partiu para a Campus Party com a caravana de Uberlândia), Nilde foi descobrindo outros recursos online. “Foi minha filha que criou meu MSN e minha conta no Skype e até hoje nos falamos muito pela internet.” Foi também por intermédio da filha que ela foi parar na Campus Party. “Fui passar férias em Minas e ela me contou que iria participar do evento aqui em São Paulo e achei que seria interessante vir também.”

  • Willians Valente/UOL

    Nilde participa da oficina de reaproveitamento de disquetes na última terça (18) na Campus Party

Sobre a bagunça e barulheira da Campus Party, Nilde diz não se importar, porque trabalhou como professora de português, com turmas de idade semelhante. “É maravilhoso porque eu me sinto jovem também”, brinca.

A ida à Campus Party é a primeira viagem longa dela desde que se recuperou da doença. “O mundo está avançando a quilômetros por hora e a gente tem que acompanhar. E existe tempo para tudo. Meu tempo de estar aqui é agora”, reflete.

Orkut, blog e Twitter

Como missionária evangélica, Nilde explica que queria continuar o trabalho de aconselhamento – que já não podia fazer presencialmente por conta de sua doença – pelo Orkut. “Aconselhava as pessoas pela página de recado e acabei criando uma comunidade no Orkut”, conta. A Mensagens Evangélicas para Orkut, com cerca de 4 mil membros, levou Nilde a conquistar várias amizades “virtuais”. “Tenho muitos amigos confidentes, que só conheço na internet.”

Agora, ela espera a filha chegar ao evento, na noite desta quarta (19), para que juntas criem um perfil no Twitter e um blog.