Foursquare vai além de divulgar onde você está; conheça a utilidade do 'radar de gente'
O aplicativo está disponível para os principais smartphones
“Nem só de check-ins viverá o homem, mas de badges e to-do lists...” Falei chinês agora? Na verdade falei a língua de quem, por um mês, virou usuário assíduo do serviço de geolocalização Foursquare. O aplicativo – acredite! – vai muito além de contar para todo mundo onde você está, o tempo todo. As descobertas de algumas funções e utilidades derrubaram meu preconceito durante a execução dessa reportagem e farão com que o aplicativo continue tendo lugar garantido em meu celular. A seguir, você acompanha o relato de como esse preconceituoso em relação ao geolocalizador mudou de opinião após usá-lo por um mês.
Quando o Foursquare ganhou fama no Brasil, em meados de 2010, fui um daqueles heróis da resistência: “Será que precisamos de mais uma rede social para expor o que fazemos e pensamos o dia todo?”, pensei. Pior, daquela vez era uma rede com a intenção de espalhar para meus contatos quais locais eu estive ou frequento. Por qual motivo alguém iria querer publicar o próprio paradeiro? Seria seguro? Na minha cabeça de reacionário, a rede morreria tão subitamente quanto havia surgido. Mas aconteceu justamente o contrário: hoje já conta com 10 milhões de usuários e, segundo seu próprio diretor-executivo, soma mais de 3 milhões de check-ins por dia. Para quem não sabe, check-in é basicamente dizer, anonimamente ou não, "olá, eu estou aqui" no aplicativo Foursquare.
Logo que baixei o aplicativo, leve e gratuito, dei o primeiro check-in em uma praça perto da minha casa. Decidi por não revelar a ninguém onde eu estava, o que fez cair por terra minha teoria de que usar o aplicativo pode oferecer riscos a segurança de alguém. Você pode usar o Foursquare anonimamente para sempre e ninguém nunca vai saber onde você esteve. Com o check-in veio meu primeiro “badge”, que pode ser traduzido como “medalha de reconhecimento”: eu não era mais um “newbie” (novato).
E sabe o que eu ganhei com o “badge”? Absolutamente nada. Sabe o que eu ganhei com o check-in? A preciosa dica de que aquela praça tem uma das melhores vistas do pôr do sol da cidade. Quando alguém indica ao Foursquare que está em determinado lugar, ele utiliza o serviço de localização do celular para retribuir com pontos, medalhas de reconhecimento e dicas sobre o local que está visitando. As dicas são postadas por outros usuários, que já estiveram ali e desejam divulgar qualquer elogio ou crítica sobre o lugar ou região.
Tipo de usuário
Percebi então que existem duas vertentes no Foursquare. 1) Pessoas que fazem “check-in” sempre nos mesmos lugares, ou locais bizarros, com a intenção de ganhar reconhecimento (ou badges). 2) Usuários que simplesmente querem colher dicas preciosas sobre restaurantes, cinemas, baladas, bares, igrejas ou qualquer tipo de estabelecimento. E também é possível, claro, juntar esses dois tipos de uso.
Hoje, quando uso o serviço e me deparo com os usuários do tipo 1, ainda tenho a sensação de que o Foursquare é meio inútil mesmo -- e que as medalhas de reconhecimento, na maioria das vezes, são pura exibição. Salvo (raríssimos) casos de pessoas que receberam algum benefício por ser “prefeito” de algum estabelecimento (essa é a medalha de reconhecimento máximo, para quem der o maior número de check-ins em algum lugar). Alguns restaurantes, por exemplo, estão engatinhando no quesito marketing de geolocalização e os benefícios dados àqueles clientes fiéis não justificam a disputa por badges, que nem sempre é saudável.
Quando me deparo com usuários do tipo 2, fico grato por ter instalado o aplicativo. Graças a ele, confirmei que o restaurante japonês perto do trabalho não oferece um bom sushi de salmão. A dica foi endossada por mais sete pessoas, o que tornou mais fácil minha decisão de não comê-lo. Da mesma forma, conheci outros restaurantes, bares e suas especialidades. Também fiquei feliz quando visitei um evento e descobri as melhores palestras e locais só de dar uma breve conferida no Foursquare. Ok, o Twitter faz o mesmo, de certa forma, mas o Foursquare organiza tudo e transforma o celular em um guia para praticamente tudo em relação ao local. Para esses usuários, outros serviços, como Google Maps, Apontador e Guidu, também podem funcionar.
E o mais bacana: tudo o que ali é postado não passa pelo crivo de um editor, que pode ser parcial. São pessoas na mesma situação que você, postando coisas sobre as quais você precisa saber para aproveitar melhor a estada em qualquer lugar que seja.
Como quase tudo que envolve redes sociais digitais, o Foursquare tem seus prós e contras. Confesso que já fiz check-ins para alcançar a pontuação dos meus amigos e, quem sabe, conseguir ser o prefeito do restaurante de massa da esquina. Mas por absoluta diversão. Nada disso influenciou a verdadeira utilidade do Foursquare, que é a troca de informações relevantes entre pessoas comuns que frequentam os mesmo espaços. Isso, sim, é uma revolução silenciosa.
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