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Revendedoras 'das antigas' trocam relação cara a cara pelas redes sociais

"Armadas" com folhetos digitais, as revendedoras aceitam até pedidos pelas redes sociais - Think Stock
'Armadas' com folhetos digitais, as revendedoras aceitam até pedidos pelas redes sociais Imagem: Think Stock

Ana Ikeda

Do UOL, em São Paulo

01/02/2012 07h00

Ficar um tempão folheando o livrinho de produtos, anotar seu nome do lado daquilo que quer e esperar ansiosamente o pedido chegar: o hábito, cultivado há décadas no Brasil, pode estar com os dias contados. Com a popularização das redes sociais, as revendedoras “de carne e osso” estão migrando para a internet e, "armadas" com seus folhetos digitais, acabam conquistando uma clientela nova. E grande, dizem as consultoras.

Há 15 anos, a professora carioca Lúcia Portella, 52, não imaginava que acabaria deixando a profissão para trás depois do sucesso nas vendas de produtos da Tupperware – mais conhecido como o potinho plástico que quase todo mundo tem na cozinha. “Comecei vendendo o produto de mãe em mãe de aluno. De revendedora passei a executiva de vendas, depois representante distrital e, hoje, sou distribuidora no Rio de Janeiro”, conta.

  • Arquivo pessoal

    Simone Gonçalves, 25, consultora Natura: ''Quem me procura na internet geralmente é porque já conhece a marca fora dela''

Por conta própria, Lúcia decidiu criar alguns canais em redes sociais: tem um canal no YouTube, além de perfis no Facebook e Orkut. O resultado, diz a distribuidora, foi o aumento nas vendas (que ela prefere não revelar o valor exato) e a fidelização das clientes. “Além de divulgar produtos e prêmios, nas redes sociais a gente responde mais rápido a dúvidas das consumidoras. Para mim, já é uma realidade e não dá mais para viver sem”, destaca.

Outra que decidiu tentar a sorte nas redes sociais foi Simone Gonçalves, 25, consultora da Natura em Jaú (SP). Ela vende produtos da marca há dois anos, conciliando a atividade ao trabalho de cabelereira, e decidiu criar um perfil no Facebook para promover os produtos. “Minhas vendas aumentaram, comecei ter pedidos de pessoas que eu não conhecia, até de outras cidades aqui da região, como Bariri, Dois Córregos, Barra Bonita”, revela.

O uso das redes sociais pelas revendedoras, se por um lado aumenta as vendas, por outro também exige tempo e dedicação delas, com perfis a serem checados diariamente.

No caso de Lúcia, as páginas são monitoradas por ela, o marido e uma funcionária da distribuidora, todos os dias. “Se há alguma crítica ou reclamação, respondemos pela internet e depois partimos para o contato telefônico”, explica. Simone também verifica pelo menos três vezes por dia o Facebook. “Elas geralmente perguntam sobre o prazo de entrega do pedido e querem dicas de como usar os produtos”, diz.

Mas apesar de facilitarem o trabalho, as redes sociais por enquanto não substituem totalmente a venda cara a cara, dizem as consultoras. “Quem me procura na internet geralmente é porque já conhece a marca fora dela”, comenta Simone. Para a distribuidora da Tupperware, as redes sociais ainda têm uma desvantagem. “Colocar o produto na mão da pessoa ainda é a melhor forma de convencê-la a comprar. A internet ainda não substitui o relacionamento pessoal.”

Pedido online

Indispensável às vendas presenciais, o folheto de produtos (aquele disputado a tapas no salão de beleza) já pode ser visto integralmente pela internet – marcas como Avon, Natura e Tupperware dispõem do serviço online. Não fosse isso, seria difícil para as consultoras fazerem seu trabalho nas redes sociais. “Com a revista digital, fica mais fácil para as clientes. Conheço uma que trabalha de casa e dificilmente sai, porque tem dois filhos e está grávida. Ela entra na internet, vê o que quer e faz o pedido comigo”, conta Simone.

Apesar do sucesso de décadas na venda indireta, todas as marcas citadas também dispõem de lojas virtuais -- caso a cliente deseje comprar produtos direto das fabricantes e com a cobrança de frete.

No caso da Avon, os revendedores que usam redes sociais ganharam uma “mãozinha” no início de janeiro, quando a empresa lançou um widget – caixa que aparece em uma página de internet. Ele mostra o folheto virtual em perfis pessoais no Facebook, Orkut, Twitter, Google+, Wordpress, Blogger, entre outros.

Segundo a empresa, basta que a cliente entre em um dos perfis da revendedora para enviar o pedido de produto. Além do widget, as revendedoras têm uma página dentro do ambiente de internet da Avon pela qual encaminham os pedidos das clientes, recebem treinamento e informações sobre produtos e ações da marca. A empresa destaca ainda que a internet “é o canal de maior relevância na captação de pedidos”.

Além da Avon, a Natura também possui um portal específico para suas consultoras. Por meio dele, as revendedoras cadastram pedidos por categoria ou código e podem acompanhar o andamento da solicitação pela internet.

Do salão para a internet

  • Reprodução

    Folhetos digitais da Avon, uma das marcas de revenda autônoma que possui catálogos online