Com sistema operacional 'alternativo', smartphone N9 revela-se uma boa surpresa

Se primeira impressão contasse, o responsável por este teste teria xingado o smartphone Nokia N9 até sua próxima geração. Nos acréscimos de uma sexta-feira véspera de feriado prolongado, ele chegou à redação. Dentro da caixa, o que se via era um smartphone azul claro baby doll (se essa cor não existe, a Nokia inventou). Uma vez em mãos, para incluir o chip, foi necessário cortar um pré-pago comum em dois (ele é compatível com o “padrão” microSIM). Como era muito trabalho para um telefone feioso, sem sistema operacional reconhecido em uma sexta-feira à noite, acabou sendo esquecido até a semana seguinte sobre a mesa de teste - ligado e com o Wi-Fi funcionando.

Na quarta-feira pós feriado, não só o N9 continuava ligadão como sua carga ainda apontava cerca de 30% de vida. Em tempos de Android e iOS em que bateria e vapor são quase sinônimos, o Nokia (e seu sistema operacional chamado MeeGo) começou a surpreender positivamente.

E não parou mais: uma vez acionado, o equipamento tem uma bela interface, 100% touchscreen, que responde aos comandos do usuário sem pestanejar. A alternância de programas abertos ocorre de modo diferente de outros smartphones: basta arrastar o aplicativo para o lado, para que mude o software. A curva de aprendizado, entretanto, tende a zero, caso o usuário esteja acostumado com a maior parte dos smartphones do mercado, não importando se é iOS, Symbian ou Android.

É possível acionar filmes, vídeos, ou a câmera fotográfica quase que ao mesmo tempo sem que o N9 pense em arregar. A reprodução de itens multimídia é excelente, com imagens de qualidade na tela de 3,9 polegadas e com áudio cristalino.

Outro ponto que agrada é com relação aos aplicativos: embora a lojinha da Nokia seja bastante capenga, o N9 já vem com dezenas de aplicativos essenciais (Twitter, YouTube, Picasa, Mapas, Feeds, Notas, Calendários). São tantas e boas alternativas que a vasta gama pode até mesmo desobrigar ao usuário realizar download de novos softwares. A carta de opções é quase completa.

Por fim, se o sistema MeeGo é um dos principais trunfos do N9 (rápido, obediente, que pouco exige da bateria), ele é também um de seus prontos fracos. A Nokia não deve lançar mais telefones com esse sistema embarcado: investirá na parceira com a Microsoft e seu Windows Mobile, além de dar sobrevida ao Symbian em smartphones de entrada.

Para o público, é uma pena. Ele tinha tanto potencial quanto seus principais concorrentes do mercado. Para o MeeGo, é uma boa: deve ser bom parar no auge. Mesmo que se esteja vestido em um azul claro bebezinho ou coisa assim.