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Famoso pelos 'check-ins', Foursquare vai mudar de foco e destacar recomendações

Ana Carolina Prado

Do UOL, em São Paulo

26/03/2012 06h02

Lançado em março de 2009, o Foursquare se tornou a maior rede social de geolocalização do mundo, com uma comunidade de15 milhões de pessoas e mais de um 1,5 bilhão de check-ins. Para quem não conhece, expliquemos brevemente: trata-se de um aplicativo para celular que permite a você indicar onde está por meio de um check-in (que consistente basicamente em dizer “gente, estou no lugar X” e pode ser compartilhado em outras redes sociais, como o Facebook e o Twitter).

Também é possível fazer comentários sobre o local, postar fotos, deixar recomendações, ver quais dos seus amigos estão em lugares próximos e ganhar o título de prefeito ou distintivos (chamados “badges”) de acordo com suas atividades. Se você for um frequentador assíduo de certo restaurante, por exemplo, pode ganhar o título de prefeito do lugar. Alguns estabelecimentos fazem promoções especiais para o Foursquare e oferecem brindes ou descontos nesses casos. Mesmo que ninguém ganhe nada, porém, o que vale é o jogo. Cada check-in que você faz rende pontos e há um ranking indicando sua posição em comparação com a de seus amigos.

4sqday é “comemorado” no dia 16 de abril

Arquivo Pessoal

O oftalmologista e entusiasta do Foursquare Nathan Bonilla-Warford, da Flórida (EUA), achou que 16 de abril seria o dia ideal para homenagear a rede social. “Four squared”, ou quatro ao quadrado, dá 16. O mês escolhido foi abril por ser o quarto do ano.

A ideia de Nathan é que as pessoas usem o dia para aproveitar as funcionalidades do Foursquare e descobrir novos lugares em sua cidade. A data foi bem aceita e ganhou fama. Este ano, ocorrerão ‘meetups’, ou reuniões organizadas pela internet para juntar usuários em várias cidades do mundo. “Tem sido divertido ver isso se tornar um evento global. Eu não imaginava que outros iriam gostar tanto da ideia”, conta Nathan. Para saber as cidades que receberão os encontros (ou promover um na sua), acesse o site www.meetup.com/foursquare

Mas há um detalhe: “As pessoas estão usando o aplicativo, mas não estão mais dando check-in”, contou o fundador e CEO (diretor-executivo) do Foursquare, Dennis Crowley, ao site “TechCrunch” durante a feira de tecnologia Mobile World Congress deste ano. Preocupado, ele inicialmente tentou descobrir o que havia de errado. Depois, entendeu se tratar de uma mudança de hábito entre os usuários, que está levando o serviço para outro nível. E resolveu acompanhar essa mudança. 

Novos hábitos, novo foco

“As pessoas estão usando o Foursquare para ver onde seus amigos estão, descobrir lugares novos e encontrar recomendações. Com tanta coisa, é quase como se nem se lembrassem de fazer um check-in”, concluiu Crowley.

Por isso, ele decidiu que o Foursquare se voltará mais para a troca de experiências e vai aproveitar melhor os mapas, acesso ao GPS e outros sensores disponíveis em smartphones. Para isso, o aplicativo será reinventado.

A característica de game com pontos e badges a cada check-in deve ser mantida, mas seu principal pilar será a exploração dos lugares e a troca de experiências. Mais importante do que permitir dizer onde você está (o que também será possível), a ideia será descobrir o que fazer, onde comer e o que comer numa determinada região. 

Não é preciso dar um check-in nos locais para escrever ou ter acesso aos comentários e dicas postados a respeito deles. Mas resta saber como a rede social vai se organizar para se sustentar com esse funcionamento, uma vez que boa parte da graça da coisa consiste em ver os check-ins que seus amigos fazem. 

Como as pessoas usam o Foursquare hoje

O oftalmologista Nathan Bonilla-Warford, da Flórida (EUA), conheceu o Foursquare em novembro de 2009, depois de ver os check-ins dos seus amigos de Nova York no Twitter. Ele começou a usar o serviço tanto por diversão quanto para divulgar sua clínica, oferecendo descontos e brindes inusitados como um vidro de molho de pimenta para quem desse check-in por lá. A experiência o deixou tão animado que decidiu criar o 4sqDay, data celebrada no dia 16 de abril como “um dia para usar o Foursquare e outras formas de mídia social para aproveitar sua comunidade” (veja o quadro).

  • Arquivo Pessoal

    Luís, 30 anos, não costuma postar dicas no Foursquare, mas gosta de ler recomendações de lá

Para Nathan, a afirmação de Dennis Crowley sobre os novos objetivos dos usuários do Foursquare faz todo o sentido:“Eu concordo completamente com isso. Quando estou em uma nova cidade ou apenas procurando um lugar para almoçar, uso as informações do aplicativo para ver quem está por perto ou descobrir locais bacanas”.  

A frequência com que faz check-ins em seu perfil pessoal, porém, diminuiu com o tempo -- ele tem saído menos e foi perdendo o interesse, mesmo. Importante dizer aos iniciantes: ficar dando check-in em casa e no local de trabalho não é bem visto na rede social porque é como trapacear.

Já o analista de sistemas Luís Leão continua fazendo o check-in para lembrar os passeios que faz e perceber caso comece a ir sempre aos mesmos lugares. O mineiro que mora em São Paulo pretende ir ao encontro do 4sqDay no Brasil e disse, porém, que também usa o aplicativo principalmente para procurar dicas de locais bacanas para visitar.

“As pessoas gostam de mostrar quando estão em um lugar único ou legal, de ganhar descontos ou brindes, de manter um registro digital dos lugares onde estiveram, de ser recompensadas com badges e prefeituras. Há certa sensação de realização quando fazemos um check-in”, explica Nathan. Privacidade não parece ser um problema: “Quando eu não quero que os outros saibam onde estou, simplesmente não faço check-in”, completa.

Também é possível, nas configurações do serviço, desmarcar a opção “Incluir-me na lista pública de pessoas que fizeram check-in em um local no momento”. Assim, só seus amigos verão seus check-ins (caso contrário, ele também estará visível para quem fizer check-in ou acessar o local pelo serviço). Se preferir, você pode ainda usar o serviço anonimamente, sem vincular sua conta ao seu nome e foto – e ninguém nunca saberá onde esteve. Nathan nunca soube de nenhum problema que envolvesse stalkers. “Na verdade, eu sei de casos assim no Facebook, mas não no Foursquare”, contou. 

Mas, por mais legal que os check-ins sejam, sempre correm o risco de perder a graça – e os adeptos. Os usuários parecem usar por mais tempo as funções que lhes são úteis do aplicativo; as outras podem cansar com o tempo.

Luís achou estranha a nova estratégia de Dennis Crowley, já que fazer check-ins faz parte do sistema básico do aplicativo. Mas Nathan se diz confiante: “Há muitos ‘haters’ que sempre predisseram a morte do Foursquare, primeiro com a chegada do Gowalla (outra rede social de geolocalização), depois por causa do Facebook e, então, só porque cairia em desuso, mesmo. Mas eu realmente não acredito nisso”.