Previsto para outubro, Windows 8 deve causar estranheza com suas ''duas caras''

“Está gostando do Windows 8?”, perguntamos a um dos visitantes da IFA 2012, feira alemã de tecnologia, enquanto ele mexe em um computador tudo-em-um com tela sensível ao toque. “Não sei, ainda não testei. Esse aqui é o Windows 7”, diz ele, sem perceber que está na interface desktop do novo sistema da Microsoft. É provável que esse tipo de reação se multiplique por milhões assim que o Windows 8 chegar aos consumidores após sua estreia, marcada para 26 de outubro.

Alexander Rosenkranz, o visitante que não percebeu estar diante do Windows 8 no estande da Toshiba, também sentiu outro estranhamento diante da tela do sistema, depois que mostramos a interface Metro, na qual ícones viraram blocos. “Parecem aplicativos de smartphone. Ok, agora quero trabalhar. Onde está o Office?”, perguntou após analisar cada bloco na tela. Pois é, Alexander, ele não está aí. O Office ficou lá na interface desktop.

O que a Microsoft pretende com o Windows 8 é dar a possibilidade ao usuário de se divertir e trabalhar ao mesmo tempo em um único sistema, em um único dispositivo. Mas, para cada uma dessas ações, ele deve alterar a visualização da plataforma – e dispor de um computador pessoal com tela sensível ao toque, seja ele um tablet híbrido, ultrabook ou tudo-em-um. Para tarefas do tradicional Windows, deve-se escolher a interface desktop. Quando quiser funções mais divertidas e cara de tablet, a opção certa é a Metro.  

Cada um de um jeito
A interface Metro é ótima para organizar suas fotos, vídeos, contatos, fazer uma consulta rápida na internet, comprar aplicativos, entre outras tarefas de entretenimento. Isso porque tudo fica na ponta dos dedos: é a proposta da Microsoft para os dispositivos com tela sensível ao toque.

Mas se o que o usuário precisa é usar os softwares da suíte Office, movimentar vários arquivos de uma pasta a outra, trabalhar com o navegador com várias páginas ou outras atividades que exigem a ajuda de um mouse e teclado, deverá alternar a visualização para o modo desktop (quase idêntico ao do Windows 7).

Há um bloco específico na tela para alternar do Metro ao desktop. Já a forma mais rápida de mudar do desktop para o Metro é apertando o botão Windows no teclado.

Quando você troca as bolas no Windows 8 (tenta usar o modo desktop com a tela touch e o Metro com o teclado/mouse), começam os problemas. Não que seja difícil clicar com o cursor nos grandes blocos, pelo contrário. Parece simples demais. Bem ao contrário de tentar usar os dedos como se fossem o mouse na Metro. Você tenta abrir pastas e arquivos dando um toque na tela, como de costume diante de um tablet, e esquece que são “dois cliques” (como fez a vida inteira, com a setinha do mouse).

E como “clicar com o botão direito” usando o toque manual? Foi preciso pedir ajuda ao expositor no estande da Sony, que ainda deu um “minicurso” sobre o multitoque no Windows 8. É preciso apoiar durante alguns segundos o dedo no ícone do arquivo, por exemplo, para ver as opções de cortar, copiar, colar, renomear, etc. Como estava diante de um Tablet Top PC, com um “latifúndio” de tela, foi fácil selecionar o menu com a ponta do dedo. Mas, em telas menores, essa tarefa exige maior precisão e pode ser mais difícil.

Questão de hábito
Embora a intenção da Microsoft tenha sido unir duas interfaces em um único sistema, para maior praticidade e uso tanto em dispositivos móveis como em computadores, nem todos os usuários necessariamente vão captar essa mensagem.

Desde o Windows 95 nos acostumamos com o modo “Microsoft” de usar computadores para trabalho e entretenimento; enquanto isso, também nos habituamos ao uso de interfaces sensíveis ao toque no Android e iOS. A chegada de mais um modelo, o híbrido Windows 8, pode acabar causando certa confusão até os usuários se acostumarem.

Windows 8 na IFA
Com o lançamento oficial do Windows 8 se aproximando, os fabricantes da IFA apostaram suas fichas em computadores com esse novo sistema operacional. Pelo fato de o Windows 8 rodar em diferentes tipos de hardware, um dos destaques da IFA ficou por conta dos chamados “tabletbooks”: computadores que misturam características de tablet e notebooks.

Os “tabletbooks” têm como público alvo usuários que precisam de mobilidade, mas não dispensam a praticidade de um teclado na criação de conteúdo. Embora o conceito “dois em um” deles remeta à versatilidade, esses ultraportáteis acabam não sendo excelentes em nenhuma das duas funções: servem mais como um “quebra-galho” na função de notebook e de tablet. Veja abaixo alguns modelos apresentados na IFA 2012.